Os extremos em um bueiro fedorento

    
    A "era dos extremos" não é só titulo de um livro capital de Eric Hobsbawn. É a tradução do tempo em que vivemos, extremos de uma era a nos podar as aparas da civilidade. Não é só um desconversar fingindo conversar, não é só a intolerância , não é apenas o desejo de que a verdade de um prevaleça sobre a do outro. É a incapacidade de ouvir, de argumentar sem argumentos, de pontificar e julgar sem o menor conhecimento histórico. Não é só uma questão de intolerância,é má vontade mesmo. As pessoas tem suas teses prontas, cristalizadas e não haverá argumentação possível para tirá-las de sua zona de (des) conforto.  Não passo imune a tudo isso. Me contamino também na medida em que ao olhar em volta vejo tanta burrice que não escapo a tentação de me sentir onipotente. Mas, afinal, como conviver com a malta mais imunda que já dominou Brasília ? como conviver com a estultice, o fascismo que as pessoas sequer sabem que é fascismo ? como conviver com milagreiros, funkeiros que tiram o sono com seus pancadões, picaretas que apregoam que a terra é plana e louvam um deus Bilu? Como conviver com tanta lavagem cerebral , com tanta mídia desonesta a manipular mentes pseudo-honestas ? Ao fim e ao cabo passa a ser um dia de cada vez. A necessidade quase heróica de sobreviver a era de tantos extremos. E se os extremos se tocam no pólo incendiário das intolerâncias nós vamos caminhando  muito mal. Não me levem a mal. Queria ser mais positivo. Mas perdi meu manual de auto ajuda em algum bueiro fedorento.

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