VERDADES (LITERÁRIAS) GRAÚDAS

Gregório de Matos


Vejo tretas entre velhos homens de letras e me penalizo dos destinos barrigudos deles
Tantos  tentaram romper cercos, atravessar diques ou penetrar trincheiras
fizeram odes a toupeiras na ânsia de serem notados
no entanto seguiram ignorados,
pois a literatura não é para amadores é para bem dotados
de talento ou de marketing
ser escritor agora é saber vender a mercadoria
buscar o que está na ordem do dia

nessa loteria alguns velhos homens de letras conseguiram ser premiados
outros foram incensados pela mídia míope 
mas a maioria seguiu a deriva sem açúcar,sem talento, sem reconhecimento

os velhos homens de letras na maioria são aborrecidos,presunçosos ou cansados
repetem piadas antigas,coçam as vetustas barrigas
improvisam boininhas a la Guevara
poetizam borrados em cima de um anacrônico ideal romântico

como últimos semânticos acreditam na educação pela pedra
no parágrafo antigo cansado de guerra
no verso de perna quebrada
na nada sutil arte da conquista em cima de falsa ametista

Os velhos homens de letras me dão um tédio profundo
são como bebida rala
e como a incompetência não cala
seguem reclamando da sorte
se vitimizando com cervejas mornas
pururucas frias e miúdas 
escondendo verdades graúdas que não querem ouvir

por causa da chatice deles possíveis leitores debandam do pasto
apavorados com os poetas concretos
os objetos indiretos
e o vapor caro de tanta prosa barata

diante de tais atos  vamos nos ater aos fatos
que falta faz entre eles um Gregório de Matos...

(7/10/2019)

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