A propósito de Mário Sá Carneiro
A um morto nada de recusa
Ir à andaluza ao próprio enterro
Saber de quais pecados se escusa
Chorar com ele o último desterro
A um morto nada se recusa
Pois seus modos não são modos de viventes
São antes de tudo maneiras mortas
Pegadas tortas num terreno movediço
Embriagados que estão de seu feitiço
Pois o que haverá além disso ?
Uma montanha na planície do inferno?
Uma caverna na fronteira do céu ?
Um pesadelo concebido no papel
Através da poesia de um estrangeiro?
Seu nome o tempo esconde
E o tempo mofa
Mas sua poesia o faz um ser inteiro
E na lápide escondida jaz seu nome
O poeta português que é Sá Caneiro
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Ricardo Soares / 19 de março de 2007
Comentários
Grande abraço.