o fim do mundo, segundo um taxista português
Há poucos minutos o calor de rachar catedrais - como diria Nelson Rodrigues- aqui do Rio de Janeiro inspirou uma prosa das mais curiosas entre esse que vos escreve e um taxista português chamado Manuel Gonçalves Vicente. Como todo bom portuga, ele se chama Manuel. Já é entrado nos sessenta, nasceu em Viana do Castelo e ao lamentar o calor absurdo do dia de hoje acrescentou misteriosas reticências à conversa . Disse que o calor ia ficar muito pior . "Pobre do nosso Rio de Janeiro", disse , mesmo sabendo por nossos sotaques que nem eu e nem ele somos aqui nascidos. Espírita de coração e de carteirinha seu Manuel defende a tese de que o mundo saiu do eixo já no remoto episódio da arca de Noé e que sendo tirado do eixo nós estaríamos dia a dia indo rumo ao abismo. Quem mora no Rio e cidades costeiras terá que procurar lugares altos pois a cidade vai virar mar , o mar vai virar sertão e a Atlântida emergirá novamente se convertendo na nova Terra Prometida junto com a Lemúria que é como o seu Manuel chama a Cordilheira dos Andes. Nem eu e nem ele sabemos onde estaremos quando esse desagradável episódio ocorrer. Mas seu Manuel, profético e nada cético , diz que eu nem ninguém deve temer a morte pois ele já se viu fora do corpo muitas vezes. E sentencia : "não devemos temer a morte e sim as cagadas que fazemos" pois para passarmos bem para o outro lado temos que acumular energias positivas, segundo a tese manuelina. Sendo assim só posso ser pessimista diante do panorama pintado pelo seu Manuel pois de cagadas superlativas a humanidade anda cheia. Será então dentro em breve o Rio de Janeiro uma cidade submersa ?
Comentários
Coloquei no meu flog uma questão que de certa forma se relaciona com esse seu último post, caso anime e tenha tempo:
www.fotolog.com/manusoares
Beijos e até!
Ihhh, isso está me parecendo desabafo de final de ano.. rs Melhor deixar um pouco de assunto para o próximo post...rs
Ahh!!! Acredite se quiser, meu avô paterno, português nato, "motorista de praça" (era assim que se denominava), chamava-se Antonio Manoel Fortuna rs... E garanto que se estivesse vivo, estaria tentando fazer a cabeça ou até dando aulas gratuitas até aos jornalistas..rs
Adorei o post... lembrei-me do meu avô! Cheio de histórias e lições de vida (e morte)..
bjs
Mara
Qdo tiver um tempinho da uma olhadinha aqui.
http://luletras.blogspot.com/2007/12/meme-na-mira.html
Bjs
bjs, andrea
Sou carioca e esse papo de que a cidade, não só o Rio, mas todas as cidades costeiras correm risco com a elevação do nível dos oceanos não é nova. Escuto isso há muito tempo de taxistas, frentistas, dentistas etc.
Esse fatalismo parece a única solução para nos redimir dos problemas diários, não? Seja o calor senegalês ou o mar de lama (para ser otimista) em que chafurda a política fluminense e nacional como um todo. Melhor logo uma catastrofe de impacto universal para começar tudo do zero.
Certa vez li em algum lugar que a solução para o Brasil era uma chuva de gasolina durante três dias e depois alguém riscava um fósforo. Seria mais ou menos isso que o Sr. Manuel estaria aguardando. Só restaria escolher como preferimos encontrar a morte; afogados ou queimados?
OBS: Ao contrário da crença do Sr. Manuel, o continente perdido de Lemuria não ficaria na região dos Andes (nem pelo lado do Oceano) e sim entre Madagascar e a Oceania.
abrs,
CORE
abs,
Fernando