sórdido demais
Faz calor , o teto é baixo, temo a dengue e minha voz está voltando. A televisão no meu cafofo no Leme está com volume baixo e eu não quero aumentar para ouvir mais sobre a morte de Isabella Nardoni, lá no Jaçanã em São Paulo. Não posso ficar nem mais um minuto ouvindo o imbecil do Jô Soares falando dos seus livros pífios enquanto ainda estou sob o impacto do noticiário das 11 da noite que me dão conta de que o pai da menina está preso e sua madrasta também. Fugi desse assunto ,não queria falar dele , pois é sórdido demais. Sórdido, triste, absurdo pensar que um ser humano possa ter matado e arremessado do alto de um prédio uma criança de cinco anos. Independente de ter sido o pai , a madrasta ou um intruso louco, o aterrador é saber que alguém foi capaz de fazer isso. Culpar os suspeitos de antemão é correr o risco de repetir o erro da escola -Base quando inocentes foram crucificados por escândalos sexuais que não cometeram. Por outro lado inocentar de antemão o pai e a madrasta é querer crer que os seres humanos não seriam capazes de tal atrocidade com pessoas tão próximas, tão ligadas por laços de sangue. Mas sabemos que os humanos são capazes de tudo. Até do linchamento sumário sem direito de defesa. A morte dessa menina linda e o circo que a mídia montou em torno disso espetacularizando mais uma vez o horror, tudo isso é sórdido demais.
Comentários
bjs
Não dá pra comentar mais profundamente, mas a lembrança do Escola-Base é bem apropriada.. Se há culpados, que sejam descobertos pela via legal e justa, e não pelo espetaculismo da mídia.. E independente de quem seja, é digno de nojo o escroto que fez isso..
Abraço
Vim aqui agradecer pelo comentário em meu blog, mas o seu texto me deixou estupefata. Você resumiu tudo o que conseguimos sentir diante de um acontecimento como este. Medo e tristeza. Seja quem for, a crueldade do caso choca. Mas o pior de td é ver que fatos como estes têm se tornado corriqueiros, me fez lembrar o assassinato do menino arrastado por um carro.
Espero tempos melhores.
Bjo
misérias e atrocidades humanas não são propriamente grandes novidades... A história de todos os povos está repleta delas.
A novidade, nos nossos tempos, é a sua banalização, pela superexposição e pela exploração barata e desumana.
Não bastasse ter o estômago revirado pela notícia, há que se revirá-lo mais e mais por sua vil repetição.
bjm
Plebiscito baseado em campanha eleitoral é improfícuo. Ainda, então, que seja pela pior forma, a sociedade precisa saber dos cânceres e das metástases que a atingem, ou então o tratamento jamais começará.
Anônimo, porque não posso identificar-me. Só por isto.
Não é verdade que o cidadão comum, aquele que depende de esmola oficial, desconheça por completo o jogo político.
Por uma única razão: costuma ele mesmo, ser vítima frequente das resultantes desse jogo. Não compartilho a visão de que se deva tratar esse extrato da sociedade como tutelado inimputável, como índio ou como menor.
Bastaria que fossem tratados como cidadãos. Que não fossemos também obrigados a assistir as lamentáveis cenas de homicídio culposo nas filas da dengue no Rio Janeiro.
Por que comparo os dois casos, aparentemente tão diferentes? Em ambos falta pudor ou, para ser mais coloquial, falta vergonha na cara.
Num caso, certa imprensa abutre lambuza-se e emporcalha, ad nauseum, os meios de comunicação. Noutro, a desgraça cotidiana vira palco de encenação eleitoral.
Recorro aos versos do poeta mineiro Fernando Brant: "... de um povo que ainda olha com pudor, que ainda vive com pudor".
PS: e o panaca do ministro da saúde ainda tem coragem de dar entrevista... Um pouquinho de vergonha na cara, ministro: peça demissão!
Parece até coisa encomendada....
Deus me livre desse pensamento!!!!!
É mais facil para um país que tem "liberdade de imprensa" julgar, condenar e induzir a midia a fazer o mesmo, antes mesmo das investigações terminarem, Quantos se desculparam publicamente aos proprietarios da escola Base que tiveram suas vidas destruidas????
To com medo do Brasil...
Bjs
totalmente indefesas.
Tenho uma filha pequena. Meu amor por ela está acima de tudo e nunca bati ou a fiz sofrer, então me pergunto será que o pai foi capaz?
Será que conseguirá viver com a culpa?
Prefiro acreditar que haja e apareça outro culpado e que a justiça seja muito bem feita.
Picutta.c
Acho que não dá para comparar essa história com a Escola Base. Os fatos são bem diferentes. Houve um crime, é fato. E o casal são as únicas pessoas que podem esclarecer o que aconteceu naquela noite terrível...
Condená-los antecipadamente ao desfecho da investigação é errado, concordo. Mas quem os condenou primeiro foi o promotor. É só analisar as declarações dele, inclusive as mais recentes.