SOBRE ESCRITORES E CHATOS ou O MUNDO SEGUNDO MARCELO MIRISOLA
1. Hoje mesmo numa conversa com colegas aqui da tv Brasil nos perguntávamos que categoria reúne os profissionais mais chatos e egocêntricos. A votação apontou os publicitários seguidos bem de perto pelos jornalistas e pelos advogados, profissão de grande parte da malta de picaretas e /ou políticos o que é uma redundância visto que , salvo as exceções de praxe, picaretas são todos políticos e a maioria dos políticos é picareta, oportunista e advogado a exemplo de Ciro Megalô Gomes.
2. Mas na categoria de chatos egocêntricos pode figurar com louvor também a impoluta figura do escritor brasileiro que sequer consegue ser profissional por absoluta ausência de mercado salvo os Paulos Coelhos e outros poucos.
3. Conheço dezenas de escritores, diria que centenas. Há muitos simpáticos e simpáticas que são muito ruins e há outros tantos antipáticos e antipáticas que são bons . Escrevi , fiz muitas reportagens e programas de televisão com eles e há muitos que admiro e respeito. Mas boa literatura não tem a ver com simpatia e vice- versa.
4. Mas o foco aqui não é simpatia e antipatia e sim chatice. Os escritores , carentes de mídia e atenções, costumam ser chatos, mas não generalizemos. O que me incomoda na verdade não é a chatice deles mas sim a importância que atribuem às fofocas e futricas do meio como se o país todo lesse as páginas da pedante “Folha Ilustrada” ou o caderno “Prosa e Verso” do Globo. Escritores adoram se alfinetar, competir, fazer panelinhas, formar patotas e falanges que competem por prêmios pífios e viagens irrisórias para participar de insossos seminários e feiras de livros onde o público entediado jamais leu o que produziram. Repito que estou incorrendo em generalizações mas me reservo ao direito de dizer que conheço bem a classe depois de lidar tanto tempo com ela. Eu mesmo afinal sou um escritor pois escrevi e publiquei livros...
5. Por também ser um escritor – não reconhecido como tal pela imensa maioria dos meus pares diga-se de passagem- também posso ser considerado um chato de galochas muito embora não padeça do mesmo tosco corporativismo dessa categoria que se atribui uma importância que não tem.
6. nesse “imbroglio” todo de futricas, panelinhas , lescos –lescos , vaidades e síndromes persecutórias se destaca a figura do talentoso escritor Marcelo Mirisola (foto) que deveria estar preocupado em escrever mais e esbravejar menos muito embora talvez eu o respeite mais pelo seus “esbravejamentos” do que por sua literatura que tem ingredientes muito interessantes porém repetidos à exaustão. Mirisola adora encarnar o papel de polemista. É o lado B da carolice reacionária anti-esquerdista encarnada por tipos como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi que inventaram personagens nos quais fingem acreditar para criticar tudo e todos. Mirisola faz essa linha de maneira mais escrachada e ácida e critica – com enormes doses de humor corrosivo - os modismos e meneios tão bem representados por escritores dândis como Santiago Nazarian e as “densas” Patrícia Melo e Fernanda Young verdadeiros Himalaias de afetação e presunção.
7. Me debruço sobre esse tema todo porque me deparei com um texto internético a mim enviado que pode ser lido no site da revista Cronópios onde o “polêmico” Mirisola desanca o dândi Nazarian meses e meses depois dele ter criticado um livro de Mirisola. Leia aqui. Me diverti com o texto e recomendo. Mas também me divirto com o fato de Mirisola adorar esculhambar meio mundo e ao mesmo tempo fazer um esforço hercúleo para ser um arremedo de Bukowski e Henry Miller cortejado e amado por atrizes gostosinhas que freqüentam os espaços teatrais da Praça Roosevelt e ser saudado como transgressor por aquela fauna que se considera dona da Mercearia São Pedro na Vila Madalena . Toda aquela malta na qual ele se agrega e que vive festejando um dramaturgo bufão- e seus asseclas- como se fossem o uó do borogodó que aliás é um buraco escuro metido a cult no qual muitos desses escritores “transgressores” afogam suas mágoas ali mesmo na velha Vila Madalena. Ou seja, o mundinho literário do Mirisola é aquele paraíso onde ele aponta as falhas alheias com o dedo sujo.
2. Mas na categoria de chatos egocêntricos pode figurar com louvor também a impoluta figura do escritor brasileiro que sequer consegue ser profissional por absoluta ausência de mercado salvo os Paulos Coelhos e outros poucos.
3. Conheço dezenas de escritores, diria que centenas. Há muitos simpáticos e simpáticas que são muito ruins e há outros tantos antipáticos e antipáticas que são bons . Escrevi , fiz muitas reportagens e programas de televisão com eles e há muitos que admiro e respeito. Mas boa literatura não tem a ver com simpatia e vice- versa.
4. Mas o foco aqui não é simpatia e antipatia e sim chatice. Os escritores , carentes de mídia e atenções, costumam ser chatos, mas não generalizemos. O que me incomoda na verdade não é a chatice deles mas sim a importância que atribuem às fofocas e futricas do meio como se o país todo lesse as páginas da pedante “Folha Ilustrada” ou o caderno “Prosa e Verso” do Globo. Escritores adoram se alfinetar, competir, fazer panelinhas, formar patotas e falanges que competem por prêmios pífios e viagens irrisórias para participar de insossos seminários e feiras de livros onde o público entediado jamais leu o que produziram. Repito que estou incorrendo em generalizações mas me reservo ao direito de dizer que conheço bem a classe depois de lidar tanto tempo com ela. Eu mesmo afinal sou um escritor pois escrevi e publiquei livros...
5. Por também ser um escritor – não reconhecido como tal pela imensa maioria dos meus pares diga-se de passagem- também posso ser considerado um chato de galochas muito embora não padeça do mesmo tosco corporativismo dessa categoria que se atribui uma importância que não tem.
6. nesse “imbroglio” todo de futricas, panelinhas , lescos –lescos , vaidades e síndromes persecutórias se destaca a figura do talentoso escritor Marcelo Mirisola (foto) que deveria estar preocupado em escrever mais e esbravejar menos muito embora talvez eu o respeite mais pelo seus “esbravejamentos” do que por sua literatura que tem ingredientes muito interessantes porém repetidos à exaustão. Mirisola adora encarnar o papel de polemista. É o lado B da carolice reacionária anti-esquerdista encarnada por tipos como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi que inventaram personagens nos quais fingem acreditar para criticar tudo e todos. Mirisola faz essa linha de maneira mais escrachada e ácida e critica – com enormes doses de humor corrosivo - os modismos e meneios tão bem representados por escritores dândis como Santiago Nazarian e as “densas” Patrícia Melo e Fernanda Young verdadeiros Himalaias de afetação e presunção.
7. Me debruço sobre esse tema todo porque me deparei com um texto internético a mim enviado que pode ser lido no site da revista Cronópios onde o “polêmico” Mirisola desanca o dândi Nazarian meses e meses depois dele ter criticado um livro de Mirisola. Leia aqui. Me diverti com o texto e recomendo. Mas também me divirto com o fato de Mirisola adorar esculhambar meio mundo e ao mesmo tempo fazer um esforço hercúleo para ser um arremedo de Bukowski e Henry Miller cortejado e amado por atrizes gostosinhas que freqüentam os espaços teatrais da Praça Roosevelt e ser saudado como transgressor por aquela fauna que se considera dona da Mercearia São Pedro na Vila Madalena . Toda aquela malta na qual ele se agrega e que vive festejando um dramaturgo bufão- e seus asseclas- como se fossem o uó do borogodó que aliás é um buraco escuro metido a cult no qual muitos desses escritores “transgressores” afogam suas mágoas ali mesmo na velha Vila Madalena. Ou seja, o mundinho literário do Mirisola é aquele paraíso onde ele aponta as falhas alheias com o dedo sujo.
Comentários
Ao ler esse post, notadamente o ítem 7, onde você traça perfil do "polêmico" e "fofo" Mirisola tive essa impressão. Será ?
Li o texto, gostei muito. Interessante, Ricardo, eu ia dizer da identificação que notei entre você e o autor analisado, mas não a atribuiria a qualquer parapraxia, não, senão a algo adrede elaborado. Afinal, como indicaríamos positivamente alguém com quem não nos afinássemos?
Parabéns mais uma vez. Entrar aqui é aprender.
Agora, vou discordar da relação entre a chatice e a ausência da atenção midiática. O escritor mesmo não é o que busca a mídia como referência. O texto bem escrito é aquele que não faz acordo com o público, para, então, dizer algo efetivamente novo. Automaticamente, portanto, acaba sendo mal-interpretado, na medida em que a massa quer mesmo é afago no ego. Se não for por um movimento de moda midiático, o bom escritor mesmo jamais vai vender muito, porque geralmente o que as pessoas buscam é uma sustentação para seus próprios preconceitos, e não algo mais profundo, que escave o âmago das podridões e do sofrimento humanos.
Quanto aos mauricinhos anti-esquerdistas da mídia, concordo plenamente. Não conheço essa peça que você cita, mas esse Maynard é um verdadeiro pateta.. aliás, ele se parece muito com os leitores dele: pernóstico e pseudo-intelectual.
Penso que o escritor acaba sendo um pouco "chato" sim.. mas geralmente por que não entra facilmente nos catálogos de classificação. Ou dá pra classificar o Guimarãens Rosa, o Fernando Pessoa, o Saramago..?
Abração
Prof.Marcelo, meu fofo, não conheço suas falanges,apenas seu verbo, sempre arguto e brilhante, mas..."ser escritor" não é uma profissão??????
anônima e satisfeita
agora, lembrando uma frase do livro que estou lendo agora, do Martin Page (A gente se acostuma com o fim do mundo):
"Qualquer máfia ou bando organizado é sempre uma máquina enorme e lerda"..
o que te lembra? rs
beijossssssss
abç toninho vaz
Uma empresa que cancela o plano de saúde de seu funcionário, na hora em que ele mais precisa, não merece que eu coloque meus pés por lá. Como consumidora, a partir de hoje, deixo de ser cliente da Livraria Cultura, no qual tenho até “cartão fidelidade”. Passo a comprar a partir de agora apenas com a Saraiva e a Siciliano, suas grandes concorrentes. Não compactuo com empresas que não respeitam seus funcionários.
Creio que todos nós, como consumidores, deveríamos DIZER NÃO para este tipo de atitude. Até porque somos NÓS que sustentamos o lucro destas companhias. PORTANTO, NÓS TAMBÉM PODEMOS DEIXAR DE DAR ESTE LUCRO.
É lamentável que isso ainda ocorra no Brasil, ainda mais vindo de uma “casa de cultura”.
Pode me ajudar a divulgar???
Beijos!!!
K. (www.incompletudes.wordpress.com)
Escritor mesmo não escreve pra ganhar dinheiro. Escreve por sintoma. O resto é oportunista, como há em qualquer tipo de arte...
Tv Brasil? Aquela do traço?
Ainda falando sobre o caboclo Mirisola aqui citado quero apenas dizer que gosto de algumas coisas que ele escreve embora me aborreça a repetição dos mesmos motes e seu rancor misturado a uma convicção de que é o paladino da rebeldia literária tupinambá quando ele frequenta com ardor e convicção aquelas cervejadas da mercearia são pedro onde cada autor que ali galopa se acha um oscar wilde incompreendido...e, diga-se de passagem, adoro a mercearia muito tempo antes dela virar point de encontros entre os pseudos transgressores literários... ontem mesmo almocei por lá... só considero uma heresia esse troço de são paulino torcer pelo tricolor por ali quando todo mundo sabe que aquele é um reduto de santistas como eu e os donos do boteco!!! fora marcinho!! vá para comer pastéias e tomar cervejas e não para torcer pra o tricolor...
toninho vaz, valoroso biografo de leminski e torquato !!! vc foi generoso demais!
intrépida k...junto-me à sua indignação pelo episódio da livraria cultura... mandei e-mail perguntando o que se passa nesse episódio ! que coisa feia...
aNõnimo e anônimas satisfeitas... mesmo sob as sombras do anonimato agradeço os comentários ... o mesmo digo ao menezes, ao rayol , ao bom escritor marcelo moutinho e ao professor indignado marcelo, sempre me prestigiando!!!
vcs todos maIS o mr. fart a thalita e o aarão sempre fazem um blog valer a pena ser escrito!
Egos inflados (pequenos argentinos...) vivem na mente de qualquer um, em qualquer profissão.