DOMINGO DE CHUVA NO RIO
Descobri hoje, depois de muitos anos indo e vindo ao Rio de Janeiro, como o cariocas procriam. Eles procriam nos dias de chuva, quando a garoa vem de viés e um vento nordeste bate nas partes baixas do corpo esfriando os arroubos tropicais e a libido. Aí eles se recolhem , confundem chuva com frio, se agasalham, escondem-se sob edredons e fazem crianças e pipocas. Descobri, enquanto caminhava perto do meio dia bem próximo ao caminho dos pescadores no Leme, que os cariocas se recolhem nos seus conjugados, apartamentos e sobrados e ficam viúvos de sol fazendo crianças e planos para o futuro. O calçadão da Atlântica estava espantosamente deserto (como nunca vi), as bicicletas e as pessoas não circulavam , a praia estava vazia e meu coração paulistano aflorou no meio da garoa achando que nessa manhã o deserto Rio de Janeiro era só meu.
Comentários
Um desenho autêntico extraído da tua privilegiada pena, compatível com o jornalismo que praticas.
Lembrei Rubem Braga, meu cicerone dos sentimentos da cidade.
Esse é exatamente a imagem que tenho do Rio no inverno como um carioca adotivo.
O que eles consideram inverno para mim é primavera.
Chego na praia e parece que a cidade é só minha.
Uma cidade que não merece os malucos que a dilapidam, mas que resiste pela paixão dos adotados.
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Na voz do Cauby, então, ê, coisa boa, sô!
Devaneei? Talvez. O texto, contudo, propicia isso: faz-nos sentir transportados para outro lugar.
Alvíssaras, prezado!
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novo endereço da elisabete.
deixe um recadinho pra ela!
E que, por esquecer o sol, podem reconhecê-lo no retornar do céu azul.
E fazer pipoca, e tentar filhos (só por brincadeira!), e morder a orelha e colocar aquele filminho que tantas vezez foi largado meio sem dono no canto da estante, substituem, com garbo e alegria (mas só por alguns dias, por favor!) o mergulho salgado, o chopp gelado e o limão e mate com polvilho.
Como é boa a diferença, não é mesmo, Coração de Leão? E não é melhor ainda saber que, afinal, o sol vai voltar a nos aquecer na próxima semana?
E que a gente ainda pode combinar aquele frescobol à beira das ondas do mar do Leme...
Sou aqui marinheiro de primeira passagem por este porto e gostei muito. Parabéns.
Beijo
Me acordaré de ti, Ricardo.
Também gostei muito.
Abraços caminhoneiros
Marcelo
gostoso esse texto com jeito de bossa nova!
beijo, Silvana
um abraço
May