CAIO FERNANDO ABREU E A DELICADEZA PERDIDA
Mais de uma vez nesse blog já disse que fui colega do falecido escritor Caio Fernando Abreu na turma fundadora do Caderno 2 do Estadão nos idos de 1986/87. Vendo hoje o Caio virar ícone e cânone literário nacional fico satisfeito pelo reconhecimento ( mesmo que tardio) de sua obra contundente, densa e distante da unanimidade crítica a favor ou contra. Essa convivência com Caio que esteve bem próxima de uma amizade(embora ali mesmo na redação tivesse gente mais próxima dele) valeu toda sorte de alegrias em papos animados ao redor de xícaras de café ou biritas sempre acompanhadas de muitos Marlboros vermelhos que eu e ele fumávamos na época. Essa época está bem retratada na foto abaixo que me foi enviada pela jovem jornalista Jeanne Callegari que a conseguiu junto à família do Caio.
Não sabia da existência da foto e Jeanne me enviou pois só reconhecia o Caio nela (cortando o bolo numa festa de aniversário dele em plena redação)e a mim, barbudinho e magrelo, logo ali atrás. Ao lado esquerdo do Caio vê-se outro barbudinho, o poeta e jornalista Moacir Amâncio. Pois bem ... Jeanne me mandou a foto, eu identifiquei todos os que estavam nela . Jeanne já havia entrado em contato comigo outras vezes dizendo que além de elucidar os "personagens" da foto queria fazer algumas perguntas a mim sobre o Caio pois estava escrevendo uma biografia dele. Ok. As perguntas nunca vieram e soube por um acaso,fuçando novidades nas pilhas da livraria da Travessa em Ipanema, que Jeanne havia publicado a tal biografia. Folheei as páginas do livro e dei com a foto que ajudei a identificar. Ô Jeanne , tudo bem você não me agradecer no livro ( em meio a tantos agradecimentos) pela ajudinha prestada. Mas ao menos convite para o lançamento você podia ter mandado né ? para quem gosta tanto do Caio como parece gestos delicados como ele praticava seriam bacanas se copiados por você. Eu e o Caio também somos do tempo da delicadeza perdida. Tua geração não cultua isso ? A saber : Jeanne Callegari parece que trabalha na editora Globo , nasceu em 1981 . Talvez a desatenção seja um pecado da juventude. Quanto ao livro não o li. Mas pra provar que não guardo mágoa da Jeanne coloco a bela capa dele aí abaixo. Tomara que ao menos o livro seja mais delicado que a sua autora.
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Comentários
Ric, que tal comprar aquela camiseta que viu na locadora para a senhorita Jeanne?? Aquela, cujo tema é o mesmo que vc cita, a escassa GENTILEZA.
Ou talvez ela devesse se familiarizar mais com o José Datrino de Oliveira!! Pegar umas dicas com o poeta.
Realmente gentileza gera gentileza!!
O teor do seu post poderia ter sido outro, né?
Essa é uma das coisas que mais exijo de minha filha!!!
Minha mãezinha me ensinou que a gente nunca perde por ser gentil e agradável com as pessoas. Te afirmo que tem dado certo para mim até hoje!! rsrs
beijocas e tenha uma ótima terça-feira!!!
Conheci a Jeanne lá na Globo -- ela trabalhava na redação da Crescer, onde tenho amigas queridas. Depois ela foi pra Época SP e raramente nos cruzamos. Você tem razão, ela ficou devendo, gentileza nunca é demais. Mas, sei lá, acho que ela deve ter se atrapalhado...
Em todo caso, não quero falar da Jeanne, e sim de um livro infanto-juvenil do Caio, "As frangas", editado pela Globo, que foi "o" presente de aniversário que meu filho levava pra todos os amigos entre os 7 e 9 anos. Leitura deliciosa pra todas as idades. você conhece?
beijo!
Conheci a Jeanne lá na Globo -- ela trabalhava na redação da Crescer, onde tenho amigas queridas. Depois ela foi pra Época SP e raramente nos cruzamos. Você tem razão, ela ficou devendo, gentileza nunca é demais. Mas, sei lá, acho que ela deve ter se atrapalhado...
Em todo caso, não quero falar da Jeanne, e sim de um livro infanto-juvenil do Caio, "As frangas", editado pela Globo, que foi "o" presente de aniversário que meu filho levava pra todos os amigos entre os 7 e 9 anos. Leitura deliciosa pra todas as idades. você conhece?
beijo!
Caio apetece sempre e você, ah, você é ph... (ops)
Beijos!
Peço desculpas novamente. A indelicadeza, no meu caso, é conseqüência da minha falta de jeito. Mas você não tinha como saber disso, então, me desculpe.
Não foi só com você que essa moça ficou devendo GENTILEZA. Outros amigos do Caio a receberam com carinho e ela foi absolutamente leviana, irresponsável e grosseira. Tô citada no livro desta madame, mas isso não vem ao caso. Só passei aqui prá dizer que vc não está sozinho no seu comentário. Graças a Deus não a recebi por lealdade ao Caio.
Fale mais sobre o Caio!
A foto é linda. Para nós, dec.80, é uma nostalgia de um estilo que não vivemos.
Bjs delicados,
Karol.
silvana...a Jeanne diz que se atrapalhou mesmo... e não conheço "As Frangas" do Caio... vou correr atrás...bj ( ps. aliás só há pouco tempo eu li os infanto-juvenis da Clarice Lispector... vc conhece ?) kiss
amélie... que bom que vc sempre volta ... e eu sou o que ??? PH , phd ?? sou nada... sou um bobo alegre... kiss
Jeanne ! ponto pra vc ! não por se desculpar porque não me deve desculpas ! mas por explicar o seu "sem jeito"... bj e sorte na vida... respondi seu e-mail também
Marcelo...procurei, procurei e não achei a dita cuja resenha... seu blog é um charme mas podia ter acesso mais fácil a antigos posts e comentários... abs
Cacaia...parece que vc está mais brava com essa moça do que eu...no meu caso foi apenas falta de gentileza mesmo... e ainda não li o livro dela... bj
Marcinho... e parece que foi ontem... a camisa ( camiseta) ficou perdida no tempo mesmo... era azul marinho com amarelo e eu adorava ela...na foto além do rené decol a gente vê também a cecília Thompson , a darlene dalto ( agachada) e a Gina , sumida, que era nossa secretária lá na redação do caderno 2...pô, como passa o tempo...
Karol, tá vendo ? e com esse seu simpático comentário vc faz com que eu me sinta mais velhinho ainda...hehehe... "nostalgia de um estilo que não vivemos"... pois eu vivi e parece outra "encadernação"... beijo e volte sempre...as filhas da pagu sempre são bem vindas...
“Sei que olhei a face dele. E de certa forma a sua face era a minha face. Não a minha face inexpressiva que - durante – o encarava perplexa do meio do corredor enquanto ele estendia a mão para tocar-me. Não. Apenas de certa forma a sua face era a face que eu deveria ter tido antes de sabê-lo com aquela face que deveria ter sido a minha. Eu olhei a sua face. E enquanto dizia coisas a mulher eu soube que pensava a respeito coisas da minha face coisas semelhantes às que eu pensava a respeito da sua porque me olhou com os olhos enormes e os enormes olhos esverdeados que eu não tive e qualquer coisa vaga como um peixe colorido e lento cortou de leve o fundo das pupilas dele.