ILUSÕES PERDIDAS
O que foi feito de mim com as ilusões perdidas? Deixei de crer que os assentos vazios devem ser ocupados pelos mais justos ? deixei de crer na justiça, nas caridades, nas instituições ? a descrença me fez amar menos ? recolher os trens de pouso e não abrir a guarda ?
As minhas ilusões perdidas são como revistas velhas trancadas num baú. Estão ali guardadas , existem , mas eu pouco as vejo e nem mexo nelas. Apenas existem concretamente e não devem ser muito tocadas pois abrem fendas dentro de mim que me transformam num quase elfo líquido e gasoso , um ser sensível afeito a lágrimas e a nostalgias que machucam como uma canção de Lupicinio.
Felicidade não foi embora mas a saudade no meu peito sempre mora. São saudades mesmo . De tempos idos e vividos mas de tempos que nunca vivi mas lamento ter perdido. Tempos em que a água do mar batia nas portas do Copacabana Palace e a praia mais famosa do mundo não havia sido aterrada. Tempos em que a cólera não se via nas ruas todos os dias, assim exposta a céu aberto , sem pudores nas armas em punho nas mãos de cidadãos que um dia foram de bem. Tempos em que sapos coaxavam ao lado do Teatro Municipal de São Paulo e tempos em que os males do Brasil eram apenas muita saúva e boa saúde.
Amo menos e com muito medo . Seria reflexo das ilusões perdidas ou das emoções achatadas ?
Ricardo Soares -20/11/2008 - Sp
Comentários
Queria tanto ter ido à Balada Literária ontem no Sesc, mas peguei uma baita gripe e não pude ir =(
Bjs.
que bom que não estou só nessa...
ontem por motivos profissionais dei um lamentável furo com meu amigo Marcelino Freire e não pude comparecer à balada... uma pena
kiss
Talvez ames menos porque tens menos anos pela frente para amar...
Juventude e amor é mais fácil, reparou? Aliás, juventude e paixão é dupla corriqueira.
Quanto às ilusões, talvez não estejam perdidas, posto que são, exatamente, ilusões.
Vê? Mais velho, menos ilusão...
Consolo? Amamos melhor, certamente. Porque amamos, menos jovens, com menos ilusões! E mais incondicionalmente.
Grande, grande beijo! Depois passe lá em casa. Vou amar um pouco.
Pode ser tudo isso ou falta disso tudo... Um buraco imenso, o peso da nostalgia, dos momentos não vividos, o medo da rotina...
Questionamentos, dúvidas, medo, insegurança?
De quem falo?
Talvez de vc, de mim, ou de outro amigo-blogueiro que lê isso tudo neste momento? De um monte de gente que brinca de "faz de conta", que não tem coragem de exibir suas fragilidades e insafisfações?
Ric, amigo querido, se as respostas virão ou não, pouco importa..
Outro dia me senti muito à vontade para pedir colo aos blogueiros amigos, quase sempre sem rosto, idade ou qualquer identificação, mas que nos "ouvem" com paciência e entendimento, melhor do que o colega que encontramos todos os dias...
Nossa, que conversinha fiada e confusa a minha né?! rs Desculpe, me empolguei!
Bj e fique bem!
Mara
PS: minha sorte é que esses momentos passam rapidinho.. já tô pronta pra outra reflexão!!! rsrs
Não sei, engraçado que também tenho essa impressão...acho que antigamente todo mundo amava mais. Até mesmo pelas letras poéticas das músicas.
Beijo
Já te ocorreu isso? Qdo somos mais jovens, estamos cheios de amor. Amamos amar. O amor É. Eu, pelo menos, amava intensamente, sofria deseperadamente, chorava copiosamente. Era muito mais superlativa do que sou hoje, muito mais barroca no sentir.
Acho que é por aí: aprendemos a administrar e dividimos o amor que em nós existe, com o amor pelo outro, com o amor por nós mesmos, pelo trabalho, pelos filhos, pelos amigos...
Acho até melhor assim, não sufocamos ninguém com o peso de um grande e jovem amor.
Talvez você esteja é sem tempo! Ou sem saco.
Onde você coloca seu amor, Coração de Leão?
beijo!
Talvez a gente ame menos em algumas fases, como há temporadas menos criativas, sem que se perca, por isso, a capacidade de criar ou a capacidade de amar
a capacidade de amar é que não pode minguar, ainda que se ame com menos ilusões, mas talvez até (por isso mesmo) com mais intensidade
beijos, Rosane
Não acho que amemos menos. Com o passar dos anos, ficamos mais conscientes do que queremos e do que somos.
Claro que, vez ou outra, acontece aquela paixão avassaladora, que nos faz viver um Teenage Dream.
Entretando, sinceramente, eu nos meus tenros 26 anos, acho que tenho uma visão medieval sobre relacionamentos: acredito naquela coisa cristã-judaica monogâmica.
Amor é amor em qualquer época da vida. Saber dosá-lo é que é o problema.