CARNAVAL DE LUANDA

Esqueça suas referências de luxo e riqueza na Sapucaí. Esqueça a frase de Joãozinho Trinta de que pobre gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual.Não tome Rio, Salvador, quiçá São Paulo como referência. O carnaval de rua de Luanda não é nada disso. O chamado desfile da classe A (Adultos), o que equivale ao nosso grupo 1 , aconteceu nessa tarde/noite na capital angolana e fiquei pasmo com o que vi. Adorei a passagem pela avenida marginal de grupos como Unidos do Caxinde, União Mundo da Ilha, União Amazonas do Prenda, União  Kazukuta do Sambizanga , União Operário Kabocomeu e outras (somam 14) que ao som de Semba ou Kazukuta, dois ritmos distintos e sensacionais, representaram as comunidades de bairros ( que aqui chamam de municípios) como Ingombota,Maianga ( onde moro), Rangel ,Sambizanga, Samba e K.Kiaxi.  Mesmo que o brasileiro acostumado com os nossos desfiles perceba que os adereços e carros alegóricos são toscos se comparados aos nossos sobra no carnaval de rua aqui na avenida marginal uma profusão de ritmos que há muito não vejo no Brasil. O conteúdo musical, o som mesmo, a percussão deles , mesmo sem aquelas  nossas baterias gigantescas está muito mais rico que o nosso. Curioso é que os enredos ( que passam até por preocupações nacionais como o combate ao paludismo) são cantados muitas vezes em quimbundo  o que torna aos nossos ouvidos todo o ritual muito mais original.  Me surpreendi com o que vi. Imaginava um carnaval pobre com sanha de copiar o nosso e vi coreografias e referências totalmente diferentes.  

As fotos que ilustram esse post são do Sérgio Tulio Caldas