Piano vinho desbotado
Gostaria que o piano de minha infância
Voltasse para a parede branca da minha sala de televisão
Trazendo junto acordes do passado
A mão da mãe posta ali do meu lado
A dividir aflições com cheiro de alho
O piano cor de vinho, teclas amareladas
A arranhar um Mozart desafinado
É muito além de um solfejo mal colocado
É a prova morta de que o passado sempre reverbera
Nos acordes mais profundos do coração
A dor, a tristeza, a alegria ou o desalento
Se alimentam da memória
E nessa história se nutrem do som de um piano
Meus dedos não cabem em sol
Tenho dó de outros além de mim
Mas tanto lá no passado quanto aqui
Sei mais de mim se os outros sabem de si
***
Ricardo Soares, 24/06/2010 – 12h55 min
Comentários
Que bonitinho !