ULTIMATO
O último não é um ultimato mas pode ser a primeira de muitas chances de recomeçar. O último gesto de perdão antes do ano acabar, o último a ultrapassar e superar a barreira da guerra, o último a deixar cair por terra o orgulho. O último a remover o entulho e a caiar a casa , o último a dar asa à boa imaginação, o último a recordar uma canção antiga, o último a ter o saudável frio na barriga que prenuncia uma nova descoberta.
O último a deixar o estado de alerta e desarmar a alma, o último a nutrir com calma a calmaria, o último a deixar rolar a fantasia , último a desfilar de braço dado com a alegria. O último depois do goleiro a olhar a bola na hora do penâlti, o último a ganhar um beijo de despedida quando o avião está de partida ou o último a ganhar um beijo após a chegada. O último a não enxergar nada no vão da escada, o último a rir do monstro da infância , o último a comer a fatia do bolo, o último a matar piolho, o último a escorregar do balanço, o último a se sentir prisioneiro muito mais que ser pioneiro em ter liberdade. O último alheio à própria vontade, o último a alcançar, morder, exibir, escancarar a felicidade como se fosse enfim o primeiro. De janeiro.
Comentários
Beijo grande prá você, meu querido.
Bjks,
Ana
Sou do interior de sp, morei aí alguns anos quando estudava faculdade. Andei muito pelo centro sem dinheiro no bolso. Depois de formado e trabalhando fora dai, vinha pra passear, com dinheiro no bolso, e me diverita um pouco mais caminhando pelo centro, olhando as fachadas, a geometria dos edificios, numa tarde ensolarada. Paredes coloridas ou com bolor, meus olhos deslizavam e eu me distraia, contente.
Aqui em montreal só se ve pobre digamos, por opcao, se é que se tem controle emocional completo da vontade pela razao, o que nao é verdade. Os pedintes aqui sao pessoas que sofrem de algum disturbio mental, digo, depressao, dessa por que todos passam, mas mais forte, em grau mais forte, de modo que eles nao conseguem lidar com a realidade, emprego, familia, casa essas coisas. Ai pedem esmolas pela rua. A cada meia hora ou hora vc ve um desajustado desses, nao mais que isso. Que frequencia hein?! Mas o caso é que nao sei como vou me reabituar à pbreza e miseria que nos circunda, pois meu doutorado termina e daqui 3 anos volto. Apesar de ser daquela opiniao de que nao precisas mudar de ceu , mas de animo para enxergar as coisas, por vezes ainda acredito que tens de mudar de ceu pra mudares de animo.
Exemplo: vai dar cantada numa garota dessas de educacacao de tradicao francesa aqui, elas sabem o quanto vale a buceta delas, nao é facil nao. Com a licenca da comparacao, tiveram uma revolucao francesa que ensinou pra elas o valor delas, com violencia, e nao vao fazer-se de menos nem vender o peixe mais barato por isso. Ai no brasil? amigo meu estrangeiro dizia, gosto daqui, nada funciona, a nao ser pra dar uma foda, nao ha burocracia nenhuma pra isso. Vc paga um drink pra menina, sorri, ela ouve meu sotaque estrangeiro e pronto, é minha por uma noite. Va pra italia ver, só casando elas abrem as pernas... Caracaturizo, mas é por aí...
Boa sacada a sua de falar das veleidades que tinhamos no inicio dos oitenta, e que hj sabemos onde elas foram dar...
tinha outras coisas que queria comentar, mas sou de me estender muito, e fico mesmo por aqui. Afinal, o meu melhor amigo é o papel.
abs ! parabens pelos textos !
Um grande abraço e tudo de bom