PIRADA CULTURAL
Segura na mão da sua cidade e crê que apesar do suor e tragédia, do mau cheiro e das turbulências é possível o riso sem siso, o desentorpecer, as ruas cheias e os semblantes plenos na profusão dos ânimos serenos. E o som desagua em tantos ritmos embalados por vinho barato, cerveja quente e maconha, policiais que não batem ,sorrisos distribuidos a esmo na madrugada segura de metrôs seguros e crianças sem sono que enxergam alegria no circo, na música , na confraternização.
Para que então fazer um retrato linear da festa se isso já fazem os portais, os jornais , os ditos normais ?quero mais é comungar de esperança de fazer as pazes com minha cidade querida, onde nasci e na maior parte dos meus anos vivi. Quero ser o homem nascido na Lapa, criado no Abc, residente em Carapicuiba que enxerga na descida e na subida um mundo de iguais com orçamentos diferentes. Somos negros, brancos, ruivos, pardos, desdentados e dentuços, carentes e presentes em meio as ruas do centro na "pirada cultural" que prova pois que a cidade cordial ainda é possivel mesmo em meio a tanta sujeira, delitos, crimes , arruaça e midia burra que só valozira os incidentes.
Sai feliz da pirada cultural . Volto a crer que não há consenso sobre o sonho feliz de cidade. A cidade é o que fazemos dela. Vi Edgar Winter, Eumir Deodato, Lucinha Turnbull, circo Vani, manos do rap a declamar na rua São Bento. Vi Toni Tornado , Dom Salvador, um monte de gente feliz entre sacos de lixo e um presente decadente do lindo centro velho. Lembro que tanto passei por ali menino e cresci cheio de brotos pessimistas em relação à minha cidade. Brotos que me levaram a Lisboa, Rio de Janeiro, Luanda, sítios onde vivi e por mais que eu ame não perco as raízes daqui. Sou esse manancial de paradoxos, esse mix de gente feliz com gente que cambaleia. Sou paulistano e fiz as pazes com minha cidade. Pirada cultural consciente. Coração presente acreditando que nem tudo está perdido...
Comentários
não vi muita coisa, mas o que assisti amei: orquestra de camara da usp tocando zappa...estava lindo! e p chegar até lá, a cidade subterrãnea polida caminhava pacificamente da República até a Sé para tomar o trem p a luz, um mundo de lojas, outra cidade pulsante!adoro o centro, mas acho que estes shows e esta festa deveria ter sempre e não uma vez por ano...cultura forever!
Sou aluna de Jornalismo na PUC-SP e gostaria de conversar com você sobre um evento que estamos organizando. Gostaríamos muito que você participasse do evento.
Como posso contacta-lo o mais rápido possível?
Obrigada.
Grande abraço.
Ana ... escrevi pra seu e-mail do hotmail que aparece no seu perfil blogspot... kiss