Literaturas exóticas
Já faz algum tempo que parei de dar bola para a torcida,escrevendo sobre aquilo que as pessoas esperam. Se é que alguma vez fiz isso. Mas na área de livros e resenhas confesso que em passado remoto fazia por encomenda matérias e resenhas sobre livros considerados "in" ou vendáveis, ou mercadológicos.
O mercado editorial tem nuances muitas.Algumas inclusive cruéis como editoras que aparecem demais e outras que imerecidamente aparecem de menos. Conheço editores que desde sempre mandam agrados para resenhistas e jornalistas pseudo-importantes para que tratem "com carinho" os seus lançamentos na mídia. Esses agrados podem variar de charutos a cestas de frutas finas passando por passagens aéreas e outras "gentilezas".Assim sendo muitas vezes livros ruins são incensados e livros bons são esquecidos pois prevalece a lógica do "deus mercado" ou da promoção. Hoje em dia, diga-se de passagem,escrever bem é o de menos. Importa é a promoção, a auto-promoção, o marketing.
Nesse universo as editoras pequenas padecem mais que as grandes visto que tem menos poder de lobby e menos regalias a oferecerem aos detentores dos gostos literários. E existe, podem crer que existem, uma enormidade de boas editoras pequenas e médias lutando com afinco pra divulgar seus bons produtos.
Conheço pouco e superficialmente Eliana Sá, da Sá Editora, com quem conversei fugazmente em Bienais do Livro passadas acerca do seu trabalho que incluí, entre outros, a publicação entre nós do Diario de Che Guevara ou o excelente "Baia dos Tigres" uma bela aventura sobre a África de autoria de Pedro Rosa Mendes.
Estou a falar da Eliana e de sua editora porque me chamou atenção a obstinação dela em publicar livros de ficção de autores de países pouco notados como Turquia (como o "As Preces são imutáveis" de Tuna Kiremitçi acima) e Índia conforme vocês podem ver nesse nesse link. Não serei leviano em falar sobre a qualidade dos livros pois ainda não os li mas quero elogiar a iniciativa num universo editorial que aposta apenas em sucessos europeus e americanos. De certo essas literaturas, digamos exóticas, tem muito a nos oferecer.E que iniciativas como essa se multipliquem. Voltarei ao assunto.
Comentários
A diversidade é cultura e cultura é diversidade.
Abraços e obrigada pela atenção
Eliana Sá
Palavras verdadeiras...infelizmente é o "deus mercado" quem manda. E felizmente há aqueles que "fuçam" prateleiras, editoras, sebos em busca de bons escritores.
Tem uma editora, chamada HEDRA, que lança umas coisas boas. Adquiri recentemente o ótimo "Fábrica de Robôs", do Karel Tchápekm que também escreveu "Histórias Apócrifas". Gostei muito de conhecer este autor e vou em busca de outros materiais.
Abs!
PS: Campos de Carvalho é sensacional!