Angola, dois anos depois
Da janela do meu quarto a primeira contemplação da paisagem de Luanda, há exatos dois anos |
"Acho que estou morando a partir de hoje em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Prefiro ter comigo essas primeiras impressões mesmo que ufanistas do que qualquer outras. E nos vemos em breve desde Angola...”
Essas foram as minhas primeiras impressões superficiais e não definitivas sobre Angola (chegada em Luanda) registradas aqui nesse blog há exatos dois anos quando lá cheguei no dia do aniversário de São Paulo e também da capital angolana visto que originalmente ela se chama “São Paulo de Luanda” como eu não sabia.
Ao invés de apenas resgatar o que então escrevi prefiro reescrever as minhas sensações sobre o país de Pepetela onde fiquei por menos tempo do que esperava participando de um trabalho que muito me ensinou e foi bacana apesar dos percalços. Participei dele a convite do meu amigo Sérgio Túlio Caldas com quem por coincidência conversei essa manhã justamente sobre Angola visto que ele falou hoje com colegas de lá que lhe comunicaram que ,mais uma vez, o país não terá eleições presidenciais e apenas legislativas o que cristaliza no poder o senhor José Eduardo dos Santos que lá permanece desde 20 de setembro de 1979 quando sucedeu o mito Agostinho Neto, herói da independência do país.
Durante o tempo em que ali permaneci acabei por escrever sobre o país menos do que gostaria e apesar de ter viajado um pouco por ele sempre acho perigoso destilar impressões que pareçam definitivas sobre um local onde fiquei três meses. Em três meses não se conhece nada, se tem uma vaga impressão. Ainda mais de um país como Angola com história tão rica, tão sofrida e tão paradoxal.
Hoje, tomado por esse saudosismo recente de momentos idos e vividos tenho a certeza de que apesar do caos urbano de Luanda e de todos os seus muitos problemas ( assim como os do país) me fica a vontade de voltar a ele porque tenho a certeza de que há muito mais na paisagem externa e interna de Angola do que vislumbrou a primeira visão do quarto onde dormi e morei por três meses (foto acima) ali no bairro da Maianga. Angola é um desafio à nossa lógica, um emaranhado para a nossa cartesiana compreensão. Pena que o Brasil saiba tão pouco de lá e que tenhamos a impressão de que o páis se resume a um aglomerado de telespectadores passivos da rede Globo. As janelas de Angola se abrem para muitos quadrantes muito embora pareçam até estar fechadas. Até quando sinceramente eu não sei.
Comentários
Luanda também é uma Salvador dos anos 50, de prédios velhos, destruídos, sujos de lixo, sem elevador, sem cor. É também a capital que, embora pujante por um lado, agoniza na sombra de um longevo governo sem transparência... sem luz no fim do túnel.
Graças a vossa atenção especial por mim, no meio de tantos outros jovens, hoje sou quem sou!!! Muito obrigado pelo que vocês fizeram por mim e pela impressão verdadeira que vocês têm pelo meu país!!! Deus vos cuide. Abraços profundos.