Mercado sem peixe
Meus amigos envelhecem
a olhos não vistos
a olhos não vistos
não vendem filés
nem peixes frescos
deixam apodrecer as doces mercadorias
e se preocupam com a estação das chuvas
há goteiras tantas no meu passado
que julgo não ser procedente consertar o telhado
vou vivendo de remendos
administrando as gasturas
tossindo vez ou outra
rindo da minha própria carência
a poesia deixou recatos
no balcão de recados
a me constranger
a me deixar nu
a me fazer ver navios de remotas viagens...
***
Ricardo Soares
12 de janeiro de 2012 . 2h53min
Comentários