A profusão de bundinhas
Na história da mídia nativa sempre
pulularam os bundinhas. São fenômenos atemporais e não sazonais. Estão por aqui
desde o tempo do Império e em toda a história republicana. Muito embora os
bundinhas não se circunscrevam à mídia é nela que encontram território fértil
para os seus faniquitos , “paniquinhos”, “medinhos” e demais “inhos”. Afinal
bundinhas são trocinhos mimados que sempre refletem o estilo menino criado em
apartamento pela avó.
Sim prezado leitor tenho preconceito contra
bundinhas. Especialmente quando eles atravancam nosso caminho enxergando
teorias conspiratórias e chifres em cabeças de cavalos em todos os cantos. Os bundinhas não gostam que menos
favorecidos e estudados ascendam ou tenham destaque em qualquer setor,
sobretudo na política. Odeiam cotas raciais e deploram essa onda de aeroporto
cheio, “transformado em rodoviária” como dizem. Tenho sim pois preconceitos
contra bundinhas pois eles são os reis do preconceito. Nas trincheiras que
ocupam na mídia publicam calúnias sem ter provas, divulgam fotos montadas,
versões apopléticas de teorias furadíssimas. Por vezes cometem gafes tão
grandes os bundinhas que chegam a pedir perdão aos seus amáveis leitores. Bundinhas
por menos ressonância que tenham não vivem sem leitores. Tem seguidores pois
afinal tem gente que segue qualquer coisa. É pior que cão carente que acompanha qualquer procissão.
O bundinha clássico na mídia geralmente
tem aquele biotipo de “primeiro da
classe”. Não confundir com o nerd que pode ser tímido mas não é
idiota. O bundinha clássico você identifica desde cedo como “bundinha mirim”. É
aquele que mal a professora enunciou o problema todo ele já levanta o dedo
bundinha e diz, frenético ; “eu sei a resposta professora!”. Seria cômico não
fosse tragicamente bundinha.
Como eu disse no título há uma “profusão
de bundinhas” entre nós. Mas se eu tivesse que desenhar a síntese de todos
tenho como modelo um bundinha já sênior ( não virou um bundão, continua
bundinha) que tem uma certa carinha de esquilo de óculos, bom moço, cavalheiro,
educado , respeitador de bons costumes e bajulador eterno de seus patrões. Não
publica uma linha que os desagrade, afinal não é uma besta. Esse bundinha
síntese tem importância quase nula como articulista mas mesmo assim dá seus tirinhos. Nunca se constrangeu em ser satélite de bundinhas mais notórios do
que ele. Pega carona na proximidade com os tubarões e empresta às suas estultices ares de
seriedade. Sequer posso dar mais detalhes do bundinha síntese pois como todo
bom bundinha ele adora um “processinho” quando as opiniões de outrem não
coincidem com as suas.
Por sorte na vida fui chefiado por poucos
bundinhas. Mal saído dos 17 fui primeiramente comandado por um sujeito tão
correto, leal e decente que me serviu de exemplo para o resto da vida. Mas pela
vida toda cruzei com bundinhas midiáticos. Os identifiquei desde os meus
primeiros tempos profissionais e sempre os deplorei infelizmente. Sobretudo
porque bundinha sempre é vencedor nos quesitos da sociedade competitiva onde
você vai a favor da corrente, especialmente a corrente mais retrógrada. Bundinha
vence na vida porque diz sim. Como bem já lembrou no passado o véio Chico Buarque.
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Marcelo Camargo.