SÍNDROME DA FAIXA DE GAZA
Nossos territórios estão
ocupados. Dentro deles não estão infiltrados os soldados
trogloditas israelenses com seus mortais golpes de “krav maga”
nem colonos judeus que ocupam impunemente territórios palestinos que
não lhes pertencem fazendo do povo de Arafat um rebanho indignado,
acuado , sem esperança . Um povo que luta e desfralda bandeiras para
reivindicar o que lhe é de direito pagando ônus pelos extremismos
em nome dele cometidos. É o povo de Gaza que além de Gaza desfralda
o protesto contra ocupação indevida. O povo que tem a síndrome do
protesto . A síndrome de Gaza.
Tornados de uma primavera árabe
depois além dos tufões da indignação de uma Europa falida nos
chegam agora via redes sociais. E usam como estopim o abusivo aumento
do transporte urbano como mote para sair país adentro e afora
protestando, gritando, se indignando. Chega do mesmo, chega de
corrupção, chega de acordos de conveniência, de oportunismo
político, de superfaturamento e superestruturas. Chega de péssima
saúde, horrenda educação , falta de cultura. Chega de celebridades
inócuas e nulidades estéticas, de falsos valores e consumismo
doentio, chega do mesmo Brasil. A síndrome da faixa de Gaza está
na rua para alegria dos consternados e horror dos acomodados.
A
grande maioria não quer sangue e porrada. Não quer bala de borracha
e gás de pimenta. Também não quer vândalos saqueando e idiotas
depredando patrimônio de todos. Cana para quem destrói não apenas
um painel de Portinari ou um vidro da catedral de Niemeyer. Cana para
quem é bandido não para quem é banido da sociedade por falta de
escrúpulos daqueles que tudo tem mas nada fazem. A síndrome da
faixa de Gaza é o verdadeiro movimento “Cansei” onde dondocas
temiam a invasão dos aeroportos pelos pobres. Na verdade cansamos de
tudo, inclusive das dondocas inócuas. Nossos territórios estão
ocupados de indignação e protestos a esmo. Vagamente imagino que é
hora de reorganização e de foco. Juntar as tropas da paz e focar.
Mas esse caminho há de continuar. A síndrome de Gaza não vai
parar.
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