A PALAVRA
Depois de nove meses tive um filho. Era um filho mirrado,feio, desengonçado. Mas era meu filho .Por vezes me esgueirei sob lajes e pilastras para fugir dele. Mas ele, persistente, sempre me buscava. Muitas vezes me perdia. Eventualmente me achava. Mas eu sempre refugava. Sim, era um filho que eu renegava. Meu filho me escapava entre vírgulas,travessões mal postos, interjeições fugidias, imprecisos parágrafos. Mas sempre me procurava. E eu me resignava. Como faço, aqui e agora,diante desse meu filho imperfeito. A palavra.
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