Marco Antônio Souto Maior : um chopp adiado
Semana passada, quarta feira em Brasília, me
debrucei em longa conversa telefônica com um velho amigo. Mais que um
amigo , meu padrinho profissional. O cara que há 35 anos me colocou
nesse rumo da comunicação , me deu meu
primeiro emprego profissional na revista "O Carreteiro" então publicada
pela editora Abril. Eu era um jovem magro, solteiro, cheio de sonhos .
Estudava jornalismo na Fundação Cásper Líbero e Marco Antônio Souto Maior
acreditou num moleque estagiário do Departamento de Biblioteca Infanto -
Juvenis de São Paulo e cronista do jornal Metrô News. Me colocou nesse
caminho. Dizer que devo muito a ele é pouco. Dizer o quanto sou grato
já não importa. Por sorte pude fazê-lo algumas vezes. A última,
indiretamente via telefone, na semana passada quando marcamos um chopp para rever o
velho Riviera que eu , ele , Walterson Sardenberg Sobrinho
e muitos amigos mais frequentávamos em priscas eras. Marco andou muito
doente ( um câncer maldito) mas me garantiu que os dias piores já haviam
passado. E que agora lutava contra a debilidade geral do seu corpo. Me
parecia otimista e confiante e ainda perguntei se , afinal, ele podia
tomar um chopp. Com sua voz ( agora fininha da qual tirei sarro ) ele
me garantiu que sim. Rimos muito. Desligou o telefone falando bem de
mim para alguém que estava do lado. Generoso como sempre. Hoje ao invés de encontrá-lo no
Riviera fui ter com ele ali do lado. Seu corpo num esquife no velório do
Araçá, rumo ao crematório da Vila Alpina onde não quis ir. Eu tinha
muito a dizer pra você ainda sobre amizade e gratidão . Que pena Marco
que o chopp tenha sido adiado. Deixo aqui a capa de uma remota revista (Boléia, Bloch Editores)
que fizemos juntos e que agora faz parte dos acervos do museu da imprensa
automotiva. Um dia ainda estaciono do seu lado e entro nessa Boléia pra
recordarmos tempos idos e vividos.
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PS: Tenho muito que aprender com vocês.