SOBREVOANDO OS ÍNDIOS...
ilustração de Jo Fevereiro |
(...)Jonas apontou lá embaixo para o
professor uma porção de malocas
indígenas . Uma maior, no centro do terreno, e outras menores e
consistentes em volta. E disse , suavemente :
---
Lá é a terra dos índios.
Mesmo
sendo o meio do dia a aldeia parecia sossegada, silenciosa. E parece que todos
dormiam , febris pelo calor e não em virtude do sarampo que tinha matado muitos
deles dois meses antes. Mais uma vez era um sobrevôo tranqüilo e eles , nas
alturas, não eram notados nem pelos
índios que dormiam e nem pelos poucos curumins
que se espalhavam pelo terreiro judiando de um jabuti. Numa sombra,
perto da maloca maior, respirando fundo e ofegando o Pajé da tribo os notava no
alto. Aliás o pajé sabia que eles viriam
mas preferiu não espalhar a novidade pois a chegada poderia atrair vãs
expectativas já que os visitantes chegariam pelos céus mas não trariam nem cura
dos males nem presentes.
Um
sol muito luminoso ofuscava a perfeita
percepção mas o Pajé sabia que eles estavam ali e sobrevoavam e de alguma maneira ele tentou se levantar com dificuldade e fez sinais que esclareciam que ali estavam todos muito bem obrigado
apesar de alguns percalços, algumas malárias e uma safra de milho que não foi
das melhores.
O
Pajé tinha fumado os seus trecos e
estava turbinado também de mandioca fermentada o que lhe dava maior facilidade
de conexão. Por outro lado isso provocava um certo ruído de comunicação. Jonas
explicou ao professor que aquele era um povo remoto há muito visitado por eles.
Um povo que havia lhes ensinado muito e que também se aproveitava de certo
conhecimento que vinha desde tempos imemoriais. (...)
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