Diário da meia idade 3 – Nem sempre abertos os caminhos da fé
Igreja matriz de São Brás do Suaçuí- MG |
Nem
sempre estão abertos os caminhos da fé e nem estou aqui a tecer metáforas. É
real mesmo. Antigamente a maioria das igrejas do interior de Minas ficavam com
as portas abertas. Hoje são poucas e mesmo essas poucas são vigiadas por
câmeras.
Hoje
esbarrei com uma aberta. E bela. A igreja matriz de São Brás do Suaçuí que
sempre contornei por um lado ou por outro , uma miragem de candura que observo
desde o final dos anos 70 quando vinha visitar meus pais , ainda vivos, em
Conselheiro Lafaeite. Hoje desci. Parei, olhei , observei e diante de altar tão
belo me perdi naqueles óbvios pensamentos de quem seriam os fiéis que ali
freqüentavam nos idos de 1866 quando a igreja foi inaugurada e conforme atesta
uma pedra logo à sua entrada.
A
simplicidade da igreja comprova que as vezes a fé pode ser simples . Tudo ali
exala a simplicidade. Estética, ética. Uma imagem que combina com cheiro de
fogão a lenha, café tirado no meio da tarde, pão de queijo assado, novenas e a
hora da ave Maria. Quisera o mundo pudesse ser sempre essa fé simples, não
impositiva ,essa fé que mora dentro da gente e está adormecida, sejamos ou não
católicos.
Não
farei aqui, pelo menos por hoje, um roteiro sentimental das minhas andanças por
Minas desde 1978 quando meus pais para aqui mudaram. Mas confesso que ao dar de
cara de novo com a matriz de São Brás do Suaçui fiquei pensando na fé de tempos
mais serenos. Apesar da opressão católica de muitas imagens sacras fé para mim
combina com viver. E não com morrer.
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