Velhas barcaças sempre dragam
VELHAS BARCAÇAS SEMPRE DRAGAM
Estou liberto,
Mesmo que você me deva
Considero que não me deve mais
A linha do tempo vem de frente pra trás
E todos os pólos estão invertidos
Os corações carcomidos em busca das ideologias
No mural pouco mexicano à minha frente
Escrevo e vejo lembranças não mais ressentidas
Os olhos espetados nas cortiças
Agora enxergam tempos nebulosos
Mistérios gozosos ficam à míngua
Congestionamentos de utopias diante da triste
cancela do real
Quem governa não me representa
Quem me representa eu não agüento
O peso é mais do que pesado
E sequer escolhi o meu lado
Mas estou liberto,
O que eu fazia não mais serve
O que me serve ainda está escondido
Quanto a poesia não renuncio a ela
Vou continuar a ler o que ela me diz
Vou continuar a cometer tudo aquilo a que ela me impele
Certos hábitos não nos largam
Mesmo que poucos entendam
O rio está cheio , tem sujeira e lodo no fundo
Mas as velhas barcaças, essas,
Sempre dragam...
Ricardo Soares, 16 de abril de 2015
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