Uma coisa é um país...
Sempre questionei a validade ou eficácia de “poesia
militante”. Nem imagino estar fazendo algo que preste. Mas diante do momento
presente vocês vão me desculpar...corro todos os riscos de ser julgado, mal
interpretado e por aí vaí. Voilá...e livremente inspirado em um poema de Affonso Romano de Sant'Anna.
UMA COISA É UM PAÍS...
Como disse outro poeta
“uma coisa é um país,
Outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país,
Outra um regimento”
Um país não é um amontoado de larvas
Que aderem às carnes podres
Como em um poema de
Augusto dos Anjos
Um país é uma soma de “gentes”, de países
De pessoas crentes e impenitentes
Um país não é um arremedo de tristezas e putrefações
De medos e difamações
Não é o sangue nos
olhos
Nem o desrespeito ao
contrário
Um pais não diz só que o futuro “ a Deus pertence”
Mas ergue o seu próprio destino
Dá liga a sua própria argamassa
Distensiona tensões com a prosa nas varandas
Um país é feito, ainda, de bandas, lendas, circos
Enormes pedaços doces de bolos amorosos
Mulatas, evangélicos, católicos, ateus e renegados
Delegados dos próprios destinos
Pais de santo a dançar africanidades
Um país não é feito
de meias verdades
Justiças seletivas
Mártires ou heróis de ocasião
Um país é feito de sua própria história
Dos seus rios, suas árvores caiadas, seus prédios públicos
Seus tuneis escuros, suas serras e espinhaços
Um país não é feito de grandes miopias,
Não, antes de mais nada, é preciso enxergar
As alegrias
Saudar os bem nascidos e cuidar dos dessasistidos
Costurar, cerzir, bordar
Um longo manto a agasalhar o pranto daqueles que precisam
Um país é feito de humanismo
De torcidas adversárias que se saúdam
E de adversários que nos ônibus se cumprimentam
Um país de verdade não derrapa na areia
Não desrespeita leis
Acha que diante dela juízes, lumpens
E mesmo renegados devem receber condescendência
Um país não se faz com um amontoado de infelizes
Com opiniões que são fezes
Com sangue, suor e ódio...
Uma coisa é um país
Outra um projeto de nação...
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