NOS VELHOS DUTOS DA POESIA MARGINAL
Seja marginal, seja herói de Hélio Oiticica |
(...)Bem antes que a poesia amanhecesse
por aí com um novo século ela seguia a correr subterrânea como sempre pelos
muitos dutos da cidade em ruínas. Bateu em nossas janelas, com ou sem a força
do caos artístico. Deixou de ser poesia de facções, a poesia certa e a errada,
a possível e a impossível . Mas não deixou de ser alternativa, marginal na
medida em que só era alternativa porque não havia alternância dos poetas no
poder poético. O cânone impunha sempre a mesma gente. Boa gente por sinal. Mas
não mais nos servia. Queríamos alternância no consciente e no
subconsciente. Queríamos que a poesia
mordesse nossas orelhas, bafejasse em nossos cangotes, bufasse, uivasse,
gritasse contra o bem posto, o estabelecido, aquilo que estava dentro das
linhas permitidas do gramado. Queríamos a falência dos poetas oficiais. Nos
desnudamos com nossos poemas, proclamamos que haviam sim gotas de sangue em
cada poema. Mas também secreções, esperma, resíduos de arroz com feijão ,
maconha, penicilina.(...)
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