arquipélagos de ignorância
Então nesse envenenado e venenoso universo das redes sociais você se
esforça pra não se contaminar com a cegueira coletiva nacional que compartilha
sem questionar conteúdo de fake-news, que trata com chacotas as grandes conquistas sociais, que elege Moro como herói
nacional e que declara voto em Bolsonaro. Gente que compartilha conteúdo de
Jovem Pan, que elogia a "inteligência" de Reinaldo Azevedo , que acha
que Pondé é filósofo de verdade, que divide opiniões, vídeos e pensatas do MBL,
do Katiguiri e de um tal Holliday, gente que não se envergonha da própria
ignorância porque sequer se sabe ignorante.
Vai
ser difícil se manter omisso diante disso tudo num ano eleitoral onde vão
aflorar mais e mais os radicalismos por intolerâncias recíprocas. Ao mesmo
tempo entrar na discussão é totalmente inócuo. Porque qualquer posição
progressista , humanista melhor dizendo, é tida como petista, vermelha,
bolivariana , rótulos que demonstram o abismo da estupidez. Como se humanismo
tivesse cor. Como se tomar posição contra a estupidez fosse vestir a camisa de
um partido.
As
"coisas" não voltaram às trevas. As "coisas" estão nas
trevas porque sobretudo não se conhece história, não se conhece economia,
sociologia, pedagogia e a memória é uma perigosa ilha de edição que só manipula
o que convém para me apropriar aqui de uma metáfora do finado poeta Wally
Salomão.
Estamos
convertidos num país confinado na ignorância. Um país que tem matado sua
música, seu teatro e seu cinema em louvor ao "deus mercado". Tudo se
justifica em nome do entretenimento. Um país que elegeu telenovela como
principal vertente para sua "dramaturgia" e acha que bons atores são
os que berram na tv Globo. Tudo isso e
muito mais meus amigos e amigas não é ideologia. É ignorância mesmo. Um mar de
ignorância , herança de falta de educação dentro dos lares - das classes A a E
- dentro das escolas, dentro das
comunidades. E aí vem o "xis"
óbvio da questão. Um país que não conhece sua própria história está fadado a
repeti-la nos piores pontos possíveis. Com tudo o que está rolando voltamos a
uma era pré - Vargas. Zero direitos trabalhistas, petróleo que não é mais
nosso, escárnio completo com a nomeação de primeiro escalão governista com o que tem de
pior na vida pública. Se nos resta pois apenas os protestos em rede social que
o façamos. Porque se até aí permanecermos calados entraremos na triste
estatística dos que calam e consentem. É isso o que estamos vivendo
coletivamente. Um caos de desmando cercado de arquipélagos de ignorância por
todos os lados.
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