ATRÁS DO PORTÃO AZUL
ATRÁS
DO PORTÃO AZUL
Vivo
nessa casa, atrás do portão azul
sem
olhos pra os holofotes nem para o Cruzeiro do Sul
e
não procuro constelações atrás da iluminação pública
Escalo
montanhas que não enxergo,
escorrego, o
cume está nublado
não
há como ter futuro sem esquecer o passado
um
objeto obsceno se alinha sobre a mesa
e
um besouro verde envolve a luminária
sou
o coração das minhas coisas
palpito,
fraquejo, mantenho o ritmo
Vivo atrás do portão azul
e os objetos inanimados mordem meus pulsos
figueiras se fundem a aroeiras
cai um muro,explodem-se pedreiras
um chá de hibisco mancha meu risco
pinto,bordo, aderno
porque ao final, contra um céu mal iluminado
estarei sempre entre exposto e escondido
um cetáceo que errou de mar
um enorme escombro dividido
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