ARTISTAS DE PIJAMA AO REDOR DE MINHA CAMA
Nunca imaginei que fosse ver artistas que admiro de pijama/ nem que não houvesse ninguém na minha cama/ ou que eu estivesse nessa lama/ cortando a grama para buscar rima pobre/ fazendo de mortadela uma carne nobre/ tentando dar bossas e tentáculos à minha mirrada poesia
Sigo não entendendo patavina de mitologia / nem da dimensão paralela/nosso destino se transmutando em borrão, ex-aquarela/ Sigo lendo as crônicas antigas de João do Rio/ não tenho nem vela nem pavio/ sou um dois e dois com cinco / bebo álcool gel, maracujá, absinto
Não faço música porque não sei/reparo em tudo aquilo que errei/ mas não me conserto/pois meu ego ainda segue por perto/
Verso ruim nunca dura/ por isso o pós pandemia / vai sepultar esses escritos/ quantos detritos produzimos para escapar de detritos outros?
Umas coisas já aprendi/outras eu já sabia/ tô nem aí pra
sacralização da academia/ o verso é meu e sobe no telhado que eu queria/ gato
ruim não é o que berra/ é aquele que jamais mia...
Ricardo Soares, 28 de maio de 2020
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