A POEIRA DOS TEUS OSSOS
A POEIRA DOS TEUS OSSOS
Sei que é trágico, mas suas cinzas se espalharam pelo mundo
E essa sua poeira de ossos acabou por fertilizar plantas e
sentimentos
Você anda brotando por aí
E eu me escafedo por brechas do medo
De trás de uma nuvem surge um aceno de um poeta santificado
E de um esteta do prazer dilatado
Do alto do penhasco olho rios que se encontram
Carcaças de baleias antigas
Cascalhos que formam desenhos
Notas musicais que se formam sobre os canyons
Suas cinzas se espalharam pelo mundo
De Oran a Budapeste, de Praga a Cartagena
E eu cheiro meus dedos de lavanda
Achando que o mundo é uma paisagem da Provence
Suas cinzas espalhadas se levantam em suave redemoinho
Estou eu ali, devagarinho, a coçar os olhos por isso
E a poeira dos teus ossos faz com que eu
Já não me atenha a nenhum
compromisso...
Ricardo Soares , 14 de
junho de 2021, 18 e 30. Granja Viana, Carapicuíba, SP
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