AS DIVISÕES DO JORNALISMO CABOCLO


Semana passada coloquei essa modesta pensata no valente  Quarentena News e agora replico no blog...


AS DIVISÕES DO JORNALISMO CABOCLO
Por Ricardo Soares*
SÃO PAULO - Como no futebol, o jornalismo brasileiro tem divisões. Queiram ou não, os profissionais do gênero temos série A, B, C, D e por aí vai e isso não quer dizer necessariamente que quem está hoje na série A bata um bolão. O critério para estar lá segue sendo cada vez mais a visibilidade do que o talento ou a competência como estamos cansados de observar.
Essa lista de “jogadores” das distintas séries evidentemente é subjetiva, mas, sem citar nomes, há muitos consensos como podemos ler, ver e ouvir todos os dias. Na era onde o que valem são “likes” e que os prestigiados ganham codinome de “influencers” vale tudo para estar na lista de acesso à série A e ali permanecer e evidente que esse meu raciocínio não desqualifica todos os que já estejam na divisão de elite. Mas não me canso de espantar com os critérios que levam muitos e muitas a ali estarem. Rostinhos bonitos, capacidade de ordenhar o patrão e alinhamento com o status quo “mercado e liberalismo” contam muito. Isso sem contar aqueles que estão na A sendo chapa brancas e até coniventes com o bozonazismo.
O que mais me assusta é que grande parte de leitores e seguidores de muitos desses jogadores não estarem muito preocupados com a consistência e formação deles e, sim, com seguir a onda. Ou seja, se tem muitos seguidores são bons, o que sabemos não ser verdade. Até porque me estarrece a facilidade com que muitos deles -- imberbes e mirrados intelectualmente -- não têm sequer vivência ou experiência de vida para terem opiniões formadas sobre tudo. Só à guisa de exemplo, sujeitos e sujeitas como um que tem sobrenome de colírio para os olhos, outro com um nome de regulador menstrual, um tal “escritor” Adryles, um tal Joel, jovem pedantésimo, ou mesmo a patética ex-jogadora de vôlei Ana Paula que só levanta bola de causas lamentáveis.
Se aqui fosse enumerar o quanto eles são, ficaria entediante pois a lista é grande. Gostos e estilos pífios repartidos entre “redações” (podemos chamar assim ainda?) principalmente do Rio e de São Paulo, o mapa que habito na minha modesta posição de série B do campeonato amapaense.
Para mim, a série A devia ser composta por gente de formação, consistência, experiência e equilíbrio. Essa lista está cada vez menor e talvez mais presente na série B. E vai diminuindo, diminuindo na medida em que fazer oposição apenas ao governo vigente não faz ninguém ter credibilidade. O assunto é longo e as regras mudaram. O campeonato segue embolado com gente subletrada ditando normas, modos e manias. E a tal “comunicação” vai virando cada vez mais um jogo de verdades e mentiras onde ser articulado, culto ou saber escrever bem não tem a menor importância para pontuar. Como chegamos a isso? É uma pergunta que não permite uma única resposta. Faça a sua aposta.
*Ricardo Soares é jornalista, escritor, roteirista e diretor de tv. Publicou 9 livros, dirigiu 12 documentários

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