FILHOS DA PESTE ?

 


FILHOS DA PESTE ?

Se o poema muda o sentido do caminho

E se eles passarão e eu passarinho

Tiro Mário Quintana do escaninho

E anoto cães e plumas no caderninho

 

Um poeta prega no peito um cartaz

Onde diz que a poesia é engraçada

Mas a essa altura eu já não sei  de nada

 

Uma ilha lá adiante está cercada por dejetos

Os peixes respiram com a boca fora d’água

E vejo tantos homens de papel

Que eu me rascunho

 

Tá na hora da reescrita

A noite chega e a alma está aflita

Um vulcão rompe a crosta terrestre

Quando renunciaremos a ser filhos da peste?

 

                                               ***

Ricardo Soares, 28 de setembro de 2021

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