O RITMO DA AMPULHETA
Todo dia deposito o boné nos ombros do tempo e vejo diante de mim uma tv estragada, há muito tempo desligada que se recomeçasse a funcionar a partir do dia que parou talvez trouxesse imagens da tragédia do 11 de setembro.
Para mim esse era um tempo oblíquo mas cheio de perspectivas e eu não tinha medo dos problemas e nem dos planos de saúde. Sim, vinte anos passam depressa, mais depressa do que podemos contar e eu não lembro do que comi hoje , mas recordo o que expeli naqueles dias.
Deixei de ir a esmo na retaguarda de mim mesmo mas nem por isso deixei de errar. Antes, o contrário, cometi erros novos que me trouxeram até aqui entre a alma e a caneta reiventando o ritmo com que a areia desce pela ampulheta.
Ricardo Soares, 28 de outubro de 2021
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