MORA DENTRO
Francis Bacon, Selfie Portrait, 1971
MORA DENTRO
DENTRO DE
MIM MORA UM BANJO
UM POTE DE
ALECRIM
UM QUEIJO
COTTAGE
UM CHÃO DE ESTRELAS
MANEIRAS
RUDES
DENTRO DE
MIM MORA MÁRIO QUINTANA
UMA ESTRADA
DE FELLINI
UMA PRAIA
PERNAMBUCANA
MORAM TAMBÉM
SOLDADOS PERDIDOS
QUE
ESCALARAM O EVEREST
VISÕES DE
MUITAS CACHOEIRAS
CACTOS,
PARDAIS, BENTEVIS
MORA TAMBÉM
TODA ESSA IMENSA MAIORIA
QUE NÃO
GOSTA DE POESIA
MORA QUEM
DESCONHECE O QUE É ANAGRAMA
MORA QUEM
FUGIU DA MINHA CAMA
E FACES DISTORCIDAS
PELO CUBISMO
MORA
ALICERÇADO
CENAS BELAS
DO MEU PASSADO
MEU INCERTO
FUTURO
UMA CERTA
NATUREZA DO MAL
UMA CABALA,
UMA MANDALA, UM ENXOVAL DE GALA
MORAM
TALHERES EM DESUSO
GUARDANAPOS
DE LINHO
E BEIÇOS
LIMPOS COM AS MÃOS
FUMEGA DE
LONGE DENTRO DE MIM
FUMACINHA
VINDO DE UM FORNO A LENHA
MORA EM MIM
ESSE ANTEPASSADO
QUE FUGIU DA
ARIDEZ E DA USURA
PARA DIVIDIR
AQUI E AGORA
SÓ UM POUQUINHO
DE LOUCURA...
Ricardo Soares, 9 de fevereiro de
2022, Granja Viana, Carapicuiba, Sp
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