PEDAÇO DE POEMA DO FUTURO

 

Pedaço de poema do futuro

( que vem do passado  23 de março de 1984)


(...) E dobro o meu coração 

em sete bordas:

uma de pedra

outra de vinho

outra de folha

outra alma comovida!

outra tosse comprida

outra cola do teu sexo

outra cinza da paixão


E então serei feliz

porque estou aqui 

tão abstrato 

quanto concreto

tão absurdo 

quanto real


asas de pardal

meu coração se desdobra

abre-se em veias gordurosas

não tem angina


num meio dia estará desperto

próximo a abajures ainda acesos

restos de folia

do poema épico

que foi a última noite


quando acordei e dormi

pensando sonhar a esmo 

comigo mesmo


                                         ***


Ricardo Soares  23/03/1984

  




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