Confissões de um marcador de livros 4
Confissões de um marcador de livros 4
( Os Thomas . Pynchon e Bernhard)
Hoje vou tocar em tema/autores que
fariam resenhistas “pedantecos” revirarem os olhinhos. Vou falar do que eles
chamam de “escritores de escritores”. Os misteriosos e muitas vezes
indecifráveis Thomas, nenhum deles aquele sujeito que se acha até melhor que
eles, o caricato teatral Gerald .
O primeiro é Thomas Bernhard , nascido
em Heerlen, Holanda em 1931 e que se matou em Gmunden, na Aústria , em 1989.
Uma certa cirscunspecção edulcorada por seus chapeuzinhos e roupas de frio não
revelaram o universo “denso” ( não gosto da palavra, mas, vá lá) do autor que
mergulhou seus protagonistas em bad trips existenciais que sempre causaram
furor em críticos mundo afora e também nos “pedantecos” resenhistas
tupiniquins. Livros como “Origem” e
“Extinção” provocaram estupefação e, convenhamos, se você, leitor ou leitora,
tiver nervos suficientes a leitura de Bernhard é uma vertigem e tanto .
Chamam
a escrita dele de hiperbólica, mas eu diria que é bem mais que isso. Se
é decodificável ou não ao leitor comum
ou mediano não me compete avaliar. Mas daí a dizer que ele é um escritor só
para escritores é de um pedantismo superlativo que ainda induz ao raciocínio de
que só escritores estão capacitados a entender o Bernhard. Balela. Conheço de
vista ou de “próximo” escritores que não entenderiam patavinas desse autor e
por outro lado também conheço gente que só com o curso primário poderia dar
conta de compreender o que ele pretendeu dizer.
Esse um dos males da pseudo crítica “pedanteca” que imagina
conhecer o que passa por nossos corações e mentes. É uma gente no geral encastelada nas próprias
referências e blindada por seus títulos acadêmicos que usam como se fossem
escudos contra a própria estupidez reducionista que consagra fraudes e esquece
os córregos criativos que passam dos seus lados. Mas esse é outro assunto e
dele falarei mais vezes , of course.
Bernhard, modismos a parte, é uma
pedrada nas nossas consciências e vale a pena experimentar tanto quanto o outro
Thomas do qual quero falar , o Pynchon. Esse é uma lenda urbana, rural, sazonal
e internacional. Em torno dele há lendas , atalhos e , principalmente, modismo
o que não invalida a sua tremenda sagacidade e qualidade .
Pynchon ( autor entre outros de “V” ,
“Vineland”, “Mason &Dixon”) teria
nascido em Long Island (EUA) em 1937 , viveria recluso e anônimo como Salinger
viveu e é verbete indispensável a ser citado em papos entre “pedantecos” e
“discolados” que querem esgrimir seus conhecimentos literários citando o autor.
Foi traduzido ( entre outros tradutores)
pelo Reinaldo Moraes ( autor das belezuras “Pornopopéia” e “Abacaxi”) o que por
si só dá uma aura “mudernete” ao autor americano visto que o Reinaldinho (
talvez à sua própria revelia) virou modinha entre os “discolados”. Mas, lá vou
eu de novo, isso é outra história.
Desde que J.D. Salinger morreu , em 2011, Thomas Pynchon se tornou o “misterioso”
preferido das letras americanas e
mundiais só perdendo para o “mistério” que envolve a identidade da tal Elena
Ferrante. Isso não tem a menor importância . Nem mesmo a procura desenfreada
por uma foto do autor em sua velhice visto que as fotos mais divulgadas dele
são as de juventude como a divulgada em
1955 quando aparece com uma nada fina estampa de sonso de olhar perdido. Mas
não se deixe iludir. Pynchon é caos sobre o caos como já disse um “pedanteco” espinhento. E ,
vá lá os clichês, é “som e fúria” ,
autor de romances anárquicos , polifônicos, ultrasensoriais. Vale a pena cada
linha mesmo que alguns desfiladeiros que ele propõe sejam difíceis de
atravessar.
Voilá ! sendo ou não rotulados como
“escritores de escritores” os Thomas citados nessa minha prosopopeia são
fundamentais leituras para os que pretendem ministrar esses toscos cursinhos de
escrita criativa , geralmente ministrados por escritores medíocres ( salvo
raras exceções como Márcia Denser e Nelson de Oliveira) ou mesmo por escritores charlatães que
explicam como publicar sem terem publicado nada. Atento irmãos que os caminhos
literários são repletos de ciladas e desconfiem daqueles que falam de autores
especiais sem nunca terem passado perto dos Thomas.
Ricardo
Soares- 7-2-2024
Comentários
Bommm de ler☆!!
Elisabete