NO MEIO DAS COISAS
NO MEIO DAS COISAS
No meio das coisas
Podem se encontrar os seus avessos
O amor natural, os alumbramentos
No mirante das coisas altas
Podem se encontrar os sentimentos baixos
A solidez da ignorância, o mar travesso
Na sarjeta, escorrendo para os bueiros da
vida
Podem se encontrar rios profundos
Bichos do escuro, poesias perdidas
No meio de tudo, sobretudo a apatia
A velha tia e a sua simpatia
Para curar o mau olhado
Os óculos na cabeceira
Prenuncio da cegueira, miopia, turvo olhar
No meio das coisas , as outras coisas
As serras mineiras, os lanches roubados na
infância
Ribanceiras, cães sem dono, tardes vadias
E a sensação de ter repetido de ano
Pois no meio das coisas há o fracasso
A carta interrompida
Um caminho não escolhido
A mão no erro, o trem de pouso recolhido
Assim são os meios
Enquanto não chegar o fim
Enfim, uma tarde outonal, um brilho azul no
céu
Um quilo de ouro, caldo de cana , pastel
Seis com seis é uma dúzia
Lavanda é o perfume de minha morte
Pois o que desejo para mim e todos é melhor
sorte
Ricardo Soares
2 de junho de 2024 - 11 e 55 min
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