Da necessidade de recordar


     Schopenhauer dizia ser muito bom que quando comprássemos livros também comprássemos o tempo para lê-los. Quando se soma os livros comprados com os livros ganhos (como o acima) é preciso muito mais tempo e essa sempre foi uma das minhas maiores aflições. Por isso só agora abro e leio esse livro . Na Bienal do Livro de 2004 quando eu fazia a mediação dos debates o colega Percival de Souza me presenteou com esse "catatau' de mais de 600 páginas que fala da vida e morte do hediondo delegado Fleury, quase sinônimo de crueldade e tortura do Brasil pós golpe de 1964.
     Reparem que há 14 anos o livro (publicado pela editora Globo!) vinha com o selo que lembrava os 40 anos do golpe que hoje nem mais é considerado golpe pela escória "come cocô e esquece o passado" que agora se ufana do poder que conquistou. Pois é justamente por isso que a leitura do livro do Percival é pertinente aqui e agora. Lembra , queima nossa memória , com as atrocidades cometidas por um regime e uma gente espúria, doente, cruel e criminosa. Urge ler e relembrar na medida em que Brilhante Ustra, general psicopata homenageado pelo Bozonazi, é considerado por fascistas como um "herói". Todos ainda se perguntam como em tão pouco tempo conseguimos chegar a esse estado de desmemória. Por isso a necessidade de recordar e ler livros como esse do Percival de Souza.

Comentários

Postagens mais visitadas