CRÔNICA DO DIA : SALTO QUEBRADO
Desceu tão depressa os últimos degraus da portaria que o salto do sapato quebrou bem antes de chegar ao calçadão. Luzia o dia ou o nome dela era Luzia ? Não sei. Sei apenas que ela era,sem dúvida, a crônica do dia que amanhecia enquanto gaivotas ensimesmadas cismavam em cagar no planeta.
Na bolsa procurou as chaves do apartamento da qual foi expulsa. Mas chaves não haviam. Haviam comprimidos, um baton , um maço de cigarros amassado, uma caixinha de fósforos meio úmida, um guindaste que pesava dentro da bolsa.
A luz, a luz ! era preciso pôr os óculos pois o dia havia, o dia amanhecia, o resto enfim se subvertia enquanto a chapa fervia e alguns pães com manteiga começavam a ser tostados na padaria.
A vida começa em pequenas pinceladas quando a manhã avança e ela carrega a noite feroz dentro da garganta, impregnada de gritos e soluços que cheiram a mofo, a boate encardida, a uma meia desfiada que abriu espaço para uma ferida feita na coxa. Ferida funda, ferida que afunda enquanto ela acena e o táxi não pára. O trânsito engrossa, a voz turva e o ônibus queima a faixa de pedestre. Ela passa bem na frente, rebolando e sorri. Sua noite estava estragada mas o dia do motorista começa bem. Bem vindo a Copacabana.
Na bolsa procurou as chaves do apartamento da qual foi expulsa. Mas chaves não haviam. Haviam comprimidos, um baton , um maço de cigarros amassado, uma caixinha de fósforos meio úmida, um guindaste que pesava dentro da bolsa.
A luz, a luz ! era preciso pôr os óculos pois o dia havia, o dia amanhecia, o resto enfim se subvertia enquanto a chapa fervia e alguns pães com manteiga começavam a ser tostados na padaria.
A vida começa em pequenas pinceladas quando a manhã avança e ela carrega a noite feroz dentro da garganta, impregnada de gritos e soluços que cheiram a mofo, a boate encardida, a uma meia desfiada que abriu espaço para uma ferida feita na coxa. Ferida funda, ferida que afunda enquanto ela acena e o táxi não pára. O trânsito engrossa, a voz turva e o ônibus queima a faixa de pedestre. Ela passa bem na frente, rebolando e sorri. Sua noite estava estragada mas o dia do motorista começa bem. Bem vindo a Copacabana.
Comentários
Até me senti de volta a Copacabana,
mas não invejei a moça não. Talvez o motorista, um pouco, confesso.
beijos
Beijo!
beijos..........=D
Escreva mais!! Please!! Amo suas crônicas!!!
E nada de dizer que sou suspeita!!
Na verdade eu invejo esse seu dom!! (como dizem por aí, inveja boa,viu? rsrsrs se é que exista inveja boa hehe)
Te amo!!!!!!!!!!!!
bj
Mara
(Meu lado "louca por sapatos" só acharia uma pena um lindo sapato como este quebrar o salto...rs)
Gosto muito quando você escreve crônicas de experiências pessoais nesse tom tão confessional.
Por curiosidade: qual o número do seu sapato? Deve ser difícil achar salto nesse tamanho, não?
É isso. Força na peruca e um grande beijo.