QUERÔ


Baita surpresa me reservava ontem a tarde a seção das 17 e 10 do Reserva Cultural sala 2 na avenida Paulista,900 . Fui ver meio ressabiado qual era a desse filme "Querô" cujo ator principal, o ótimo e jovem Maxwell Nascimento, teve o perfil traçado na edição 11 da Rolling Stone Brasil. Dito isso desfilarei agora um festival de clichês em relação ao filme. É de uma contundência, de uma crueza, de uma desglamurização quase chocante ao mesmo tempo que tem belo tratamento visual , de luz, enquadramentos. Ou seja ,muitas vezes o cinema brasileiro quer retratar de forma tão veemente e real o cotidiano da marginalidade que acaba por deixar tudo muito fake. Exemplo disso é o "Carandiru" de Babenco. "Querô" não incorre nesse erro ao adaptar para a telona o belo e visceral texto de Plinio Marcos , cidadão nascido em Santos, dramaturgo de primeira e useiro e vezeiro em usar com competência o linguajar dos malandros "nas quebradas do mundaréu". Fico me lembrando dos livros que comprei da mão dele nos bares da vida e das conversas que tivemos e me pergunto se ele teria gostado do filme...eu creio que sim. "Querô" ao retratar a barra pesada da vida de um menino de rua nas cercanias do porto de Santos contribuiu para a gente achar que existe esperança para esse nosso cineminha brazuca comercial e combalido feito de péssimos filmes com honrosas exceções. Impactado com minha própria ignorância por nunca ter ouvido falar do diretor Carlos Cortez quero recomendar o filme e dizer que as surpresas nele contidas são muitas. A começar pela naturalidade do elenco, a primorosa direção de arte e as sensacionais interpretações de Maria Luisa Mendonça e de Ângela Leal que sempre considerei uma atriz limitadíssima nas suas aparições globais. Pois ela deu um banho e me fez queimar a lingua com meu preconceito.

Esse "post" inaugura a seção de cinema desse blog em homenagem a Tania Celidônio minha amiga cinéfila a quem convido a comentar caso já tenha visto ou não o "Querô". Todos os outros comentários também são muito bem vindos, of course

Comentários

. fina flor . disse…
me pareceu bem interessante!!!! mas o que me deu água na boca, mesmo, foi a vontade de caminhar na paulista, sem rumo, e decidir no meio da tarde assistir um filme.

tô precisando ir para Sampa urgentemente.

beijos, querido e obrigada pela visita ao Fina Flor. Volte sempre que quiser e seja muito bem vindo.

MM.
Tania Celidonio disse…
Ric dear, obrigadísisma pela homenagem. Ainda mais no dia de hoje, quando tem início a maratona cinéfila no Festival do Rio.
Não vi QUERÔ. Não sei explicar com argumentos plausíveis mas ainda não tive vontade. Já vi o treiler e fica sempre aquele gosto de Cidadededeusedoshomens na boca e no cérebro. Mas agora vou ver porque seus comentários são instigantes.
Pra falar a verdade eu estava reservando minha quota de violência institucionalizada para a estréia do TROPA DE ELITE que, pasme, ainda não vi porque não quis comprar a cópia pirata.
Se eu conseguir assistir a algum filme do festival vou comentar aqui. Beijitos cinematográficos!
Buda Verde disse…
Quero assistir esse filme.

Ilustre, uma vez escrevi sobre o fato do blog ter o nome buda verde; a idéia é manter um certo equilibrio. E a cor verde é bonita.

abraço.
By Ana D disse…
Cinema brasileiro ainda tem altos e baixos...O jovem ator me lembrou Pixote, tomara q não enverede pelo mesmo fim...
mara* disse…
Obrigada pela dica. Gosto do nosso cinema, gosto da menina Maria Luisa, belíssima e marcada por personagens fortes, desequilibradas, desajustadas e polêmicas como a hermafrodita Buba. Bom saber que Ângela saiu do limbo global. Por falar em cinema nacional...como anda o caso do Guilherme Fontes com o seu inacabado "Chatô, o rei do Brasil"? O sujeitinho mamou durante anos nas tetas governamentais e ficou por isso mesmo?
Tania Celidonio disse…
Ric, já que vamos falar de cinema então vamos começar com um atração específica aqui do Festival do Rio: FABRICANDO A DISCÓRDIA, um documentário canadense que desconstrói o Michael Moore enquanto queridinho da América. Mostras, com imagens e depoimentos, como o rapaz e sua equipe podem ser muiiiito autoritários! Interessante ouvir as pessoas que já foram muito próximas do Moore dizerem que ele tem alguns distúrbios de personalidade. Ou o próprio negar que aquelas pessoas já foram muiiito amigas dele. O documentário é bem editado e no final a gente sai com uma pulga enorme atrás da orelha: o que não se faz por um punhado de milhões de dólares, hein?
Anônimo disse…
Estava eu, em salvador, com minha melhor amiga e decidimos assistir esse filme apenas pelo fato do preço no cinemark ter sido de R$2, a meia.
Entramos na sala de exibição descrentes do poder do filme e de sua história, que por sinal, nem conheciamos. Grande foi a nossa surpresa quando a excelente atriz, Maria Luísa Mendonça entra em cena, com uma maquiagem chocante e bem feita. O filme todo segue por uma linha muito agressiva e realista. É de fato, um filme feito para chocar, ao mesmo tempo em que a delicadeza das imagens e sentimentos do nosso querido personagem, que dá nome ao filme, Querô.
A direção feita com todo um cuidado e com todo o carinho possível, além da fotografia de Hélcio Alemão Nagamine, transforma um filme barato e desconhecido, em primeira instância, em um filme de qualidade e envolvente do começo ao fim, e é quase imperceptível a passagem das um hora e quarenta minutos no qual o filme transcorre.
Isso tudo sem falar no ator, Maxwell Nascimento, que consegue dosar exatamente as expressões e movimentos de cena.
Vale assistir o filme. Uma experiência incrível e sem igual.

Diogo Moraes
diogo_mpc@hotmail.com
http://intimaspalavras.wordpress.com

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