DARCY RIBEIRO E AS UTOPIAS


     O que me incomoda não é o fim das utopias, mas o fim daqueles que acreditam nas utopias.O que me incomoda não é o fim das utopias mas a absurda crença atual de que elas não são necessárias e que o negócio é aderir. É o tempo do "Vence na vida quem diz sim" como apregoava o verso buarquiano. Sem mitificar e sem dar-lhe status de ídolo eu sinto muita falta de pessoas como Darcy Ribeiro. O crédulo da "Utopia Selvagem", como o título de um de seus livros, que nos deixou há 10 anos e que achava que o homem deve viver de suas causas, lutando como um cruzado pelas coisas que o comovem. Darcy lutou pela salvação dos índios, pela nossa dignidade pátria, lutou pela boa educação do país, a reforma agrária , a liberdade de expressão e uma universidade mais justa e democrática ; quase todas causas perdidas. Mas nem por isso ele desanimou e já doente no Senado Federal continuava sua batalha. O mesmo Senado hoje mais enxovalhado do que nunca e que ele com certeza execraria.
     Darcy não era homem de meias palavras. Ígneo, vulcânico, expansivo, vaidoso, falastrão, homem de opinião e, sobretudo, brilhante. Achava, com razão, que modéstia era coisa para fracos. Jamais se colocou como humilde e tinha ciência de sua capacidade empreendedora,criativa e artística. Darcy Ribeiro foi um dos brasileiros que mais admirei, um dos brasileiros que mais nos faz falta nesses tempos medíocres e bicudos onde a ausência de quadros na política nos coloca como opções para suceder Lula tipos do mais baixo calibre intelectual e político como Ciro, Aécio,Alckmin e porcarias do mesmo quilate. Essas opções antes de nos escandalizar nos deixam conformados. Como se mudar não fosse possível. Como se sonhar com utopias como as que Darcy sonhava estivessem definitivamente fora de moda. Escrevi esse "tantico" sobre o Darcy e ainda voltarei ao assunto aqui nesse blog pois o personagem me fascina. Escrevi esse "tantico" só para provar que eu não sou apenas um crítico de mim mesmo e do entorno. Mas que sonho com um país e um planeta com mais Darcys Ribeiros e menos Robertos Justus, essa fina flor da excrescência humana, a prova concreta que o homem pode se fundir com o plástico originando um boneco de cera.

Comentários

Kiara Guedes disse…
O primeiro livro que li de Darcy eu ainda era bem novinha, bem adolescente mesmo, presidente de gremio, essas coisas (não que eu tenha deixado de querer mudar o mundo...rs)foi "mestiço é que é bom". Aquilo pra mim foi como "é isso!" e lembro do meu pai dizer: "sim, é isso mesmo....
Pessoas como ele têm vida Longa, não adianta morrerem!
Abraços Ricardo

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