QUANDO O FUTURO CHEIRA MAL

Houve um tempo em que ,ingenuamente, achei que quando minha geração chegasse ao poder as coisas seriam diferentes. Houve um tempo em que achei que quando ascendessemos levaríamos conosco os ideais pelos quais batalhamos na nossa juventude que são no mínimo a igualdade, a fraternidade e o tão combalidado conceito de liberdade e justiça social. Houve um tempo em que nossa rebeldia tinha causa - contra a ditadura, contra a lei 477 que tolhia a educação, contra a censura, contra a tradicional família mineira e brasileira, contra a hipocrisia, contra a ladroeira, contra os oligarcas e os detentores de sobrenomes que detem o poder - e achávamos que um dia nossa geração despiria o terno e a gravata da alma e colocaria mãos a obra para construir um país novo. Mas , quando vejo a foto acima, onde estão juntos dois dos piores espécimes políticos que minha geração produziu , passo a ter a certeza cimentada que os sonhos estão sepultados sob lajes pesadas. Aecinho Neves e Ciro Gomes são o avesso do avesso do que nossa geração pensaria em ter no poder em 2008 . E , sorridentes, prometeram anteontem em Belo Horizonte uma "aliança que vai muito além de 2010". É quando o futuro cheira mal. É quando você pensa que a corrida política um dia vai passar o bastão para lideranças mais arejadas e esclarecidas e não para oportunistas, arrivistas e mentirosos. Mas aí estão eles , entrando na faixa dos 50 e sedentos para mandar na gente. Nesse caso não seria o caso de colocar a seguinte legenda nessa foto ? : É o cocô que atrai a mosca ou é a mosca que atrai o cocô ?

Comentários

Anônimo disse…
Tenho uma visão menos crítica em relação ao atual governador de Minas, a quem conheço pessoalmente e bem.

Mas concordo com o tom geral do post. A geração dos quarentinha tá devendo mesmo. É, entre outros aspectos, mais uma consequência, das trevas da última ditadura.

Só que os cinquentinha e os sessentinha também ficaram devendo, né?

E outra, a turma do outro lado do balcão também é de morte... Já pensou, a Dilma...
Oi Ricardo!
Li o post da Adelaide e gostei muito, alias, gosto muito dela, não só como escritora, mas pelas entrevistas que já vi dela. Cabe dizer tb que estou gostando da minissérie, viu? Só queria que um dos amigos fosse mais leve, rsss
A trilha musical é um caso à parte, muitíssimo bem escolhida.
Vamos ver como será o final e sinceramente não gostaria que houvesse uma corrida para acertar todos os conflitos, sabe? Soaria falso, eu acho. Melhor conflitos digeridos do que "resolvidos".

Bom, qto aos signos, aquele post foi mais pelo tom de humor. Tb sou de gêmeos como vc, tenho meu mapa, acredito naquilo que devo, mas confio muito mais no livre arbítrio e sempre no benefício da dúvida, só assim o mundo gira ;)

bjimm e obrigada pela visita.
Agora vou buscar um café me acomodar na cadeira e tratar de te ler .

Andrea
Ricardo, os sorrisos estampados na foto são a plástica da escrotidão da política partidária brasileira. E são a plástica, também, da ignorância política de nosso povo, que cresceu, de uns tempos pra cá, interessado muito mais no próprio entretenimento (no próprio umbigo) do que em olhar pro nosso passado com olhos críticos, a fim de compreender a origem dessa putada toda, que está muito mais na crença em uma política desvinculada dos interesses públicos, e atrelada aos interesses privados de quem tem poder econômico, do que em qualquer outro álibi inocente.
E são, ainda, a plástica de nossa grande mídia, um balcão de negociatas, que vende valores, manchetes e poses a quem mereça por subserviência ou inocência, porque é, ela-grande mídia, igualmente pautada por interesses ideológicos anti-nacionais.
E porque eu digo "plástica"? Porque plástica é diferente de máscara. A máscara cai, a plástica não. E por isso é muito mais difícil enxergar de onde vêm as decisões escrotas desse país, hoje em dia.
Muita gente critica 68, por exemplo, por ter sido um movimento que não enxergou alguns detalhes do capitalismo, que já estavam sendo discutidos na época. Por exemplo, a tendência "alienante" da mídia, na medida em que o cidadão comum se conforma com o papel de investigação dos poderes que ela a si imputa, delegando (ele-cidadão) o seu olho sem o menor senso crítico. E achando, inocentemente, que a mídia corre atrás de seus interesses, enquanto ele se diverte nas agendas culturais.

Sou de uma geração intermediária, pois tenho 32, mas fico feliz quando há um mea culpa como o seu texto, porque muitas vezes os erros do passado ficam presos debaixo dos tapetes de nossa história (que são muitos..), por conta de que a minha geração e a seguinte degradaram completamente o debate crítico e a complexidade, em nome de um hedonismo patético e sorridente, que nada mais discute, cegado que está pela ilusão caótica de que agora somos, finalmente, "livres". Livres para voar, mas com as asas cortadas. Ridícula essa nossa época, enfim...
Joel Neto disse…
Diferente de alguns, eu acho que Ciro, Dilma e Aécio são bons nomes para 2010. O problema conseguir uni-los no mesmo palanque.
Dos três considero Ciro o melhor, porém acho que Dilma é a bola da vez.
Joel Neto disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo Soares disse…
briguilino : como diria um velho amigo meu, o tadeu nogueira, gosto não se discute, se deplora... ciro pra presidente nem de rotary clube!!! de longe ele é a pior opção... eu não confio em caloteiro ... vc confia ?
Blogildo disse…
É o tipo de aliança que me dá náuseas! Se bem que as alternativa não são muito promissoras. O Brasil acabou.
Anônimo disse…
Apesar de odiar a nossa política partidária e só partidária - vai a questão, afinal as Minas são de onde sou.

Poderia a continuidade "Neves" ser diferente?

Sabendo que a resposta é não, faço uma observação às miscelâneas didáticas: nem sempre temos "o aprimoramento genético das espécies".

Ah e toda a razão: os demônios “são suficientemente sábios para compreender que não há respostas, apenas perguntas”.

Beijo grande das Minas

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