SEM VOZ
Estou completamente sem voz. Talvez resultado de um resfriado "speed" que me pegou de domingo para segunda (quiçá pelos excessos físicos cometidos durante o passeio ciclístico pela orla carioca) e que me colocou na condição de ouvir mais e falar quase nada. Isso tem suas agradáveis compensações além de uma conclusão óbvia e acachapante . A solidão indivisível de nosso corpo. Meu corpo universo único, seu corpo , prezado leitor e leitora , universo único. Neles nos encerramos, nos condenamos e nos abençoamos com velhices tranqüilas ou conturbadas conforme os excessos que cometemos ( ou não) durante a existência. E por que reflito sobre algo tão prosaico ? Porque desde uma perda temporária de voz a uma doença séria, o interlocutor te olha, muitas vezes compadecido, se solidariza mas nada pode fazer por você. É você que está doente ou sem voz não ele sadio, bem falante, pimpão. Mora então na filosofia : por mais que sejamos solidários e queiramos compartilhar tristezas e alegrias a natureza é de um egoísmo atroz . Condena-nos muitas vezes à solidão de nossos corpos doentes e alquebrados que se contrapõe a corpos esguios, malhados e sadios. Viram o que provoca a ausência de voz ? reflexões toscas por dentro.
Comentários
Sim, Ricardo, eu moro em Macapá, sim. Bem da próxima vinda aqui, vamos combinar pegar um vento na beira Rio, viu.
Abraços
O corpo é o que se vai.. mas a mente mente um pouquinho, e sustentamos um mais-além..
Abraço
Não tem nada de tosco no "sem voz", muito pelo contrário. Um super post que me faz viajar por reflexões altamente consistentes.
Se cuida! Chá de romã (tem no Rio?), coma muita maçã, ou ainda gargarejo de água morna com vinagre branco... (receitinhas de vovó que muitas vezes funcionam)
Bjs de recuperação breve!
Mara
Eu vejo e transvejo tudo
Os perfumes eu chego a escutar
Dos sons, eu apalpo as formas.
Misturo tudo
E salvo as palavras
que estejam fatigadas de informar....
(Manoel de Barros)