prezado leitor 2- UM EMPREGO ULTRAJANTE

Dando seguimento à série "Prezado leitor" coloco agora o impressionante relato de uma leitora ( infelizmente anônima) que narra a sua saga em busca de um emprego e se depara com a oferta de condições ultrajantes para exerce-lo. A boçalidade não conhece limites mesmo. Confiram o relato...


Olá, tudo bem ?
Venho sempre ler o seu blog, mas hoje estou como anônima.
Venho fazer um desabafo no meio de tanta notícia importante que tem aqui.
Me especializei eu uma profissão que não dá pra sobreviver direito. Por isso estou procurando emprego em outra área, e a gente sempre de depara com as roubadas da vida. Hoje eu fui a uma Corretora de Imóveis (Moema Imóveis, situada na Av. República do Líbano, n° 2256 em São Paulo, capital). Eu já vira muitos anúncios do tipo, mas um em especial me chamou atenção e eu fui conferir. No anúncio, eles pediam pessoas de 25 a 50 anos com bom nível cultural para vender Imóveis em região nobre da cidade, com carro e disponibilidade imediata, com "possibilidade" de ganhos de R$ 2.600,00 por mês. "Laranja madura na beira da Estrada, tá bichada, Zé, ou tem marimbondo no pé". Ok. Fui lá. Na entrevista, me disseram que não haveria ajuda de custo alguma, salário algum, registro algum, somente comissão de 2,4% sobre o total da venda. Enfim, enquanto você não vendesse algum imóvel, pagava para trabalhar. Gasolina do seu bolso, almoço do seu bolso, conta de celular do seu bolso. E isso de domingo a domingo, 3 domingos de folga (opcionais) por mês. Corretores de Imóveis, geralmente, precisam do CRECI (um registro) para trabalhar. Este não pedia nenhuma documentação, apenas documentos pessoais e, é claro, ficha de antecedentes criminais.
Todo o dia são divulgados dezenas de anúncios ultrajantes como este. Li “As Vinhas da Ira’’ do Steinbeck e me lembrei muito deste livro hoje.
Não é que eu não tenha estudo, eu o tenho. Não sou uma pobre coitada. Senti-me ultrajada e por isso venho fazer este desabafo, porque tentei denunciar no CRECI de São Paulo e liguei para Brasília no Ministério do Trabalho. No CRECI, o atentente da "ouvidoria" (!) já começou a ligação dizendo que não poderia fazer nada. Eu explicando e o sujeito nem esperava eu me explicar e já dizia que não podia fazer nada. No Ministério do Trabalho, em Brasília, não atenderam o telefone. Email nem vou passar porque não vale a pena, vão me mandar uma mensagem automática qualquer.
Sabe? Acham que eu não quero trabalhar, e não é verdade. Gostaria que empregos ultrajantes como estes não tivessem ampla divulgação e que a fiscalização do CRECI fosse eficiente, para que trouxas e desesperados não tenham que pagar para trabalhar.

Citando Paulinho da Viola:

“Que trabalho é esse
Que mandaram me chamar ?
Se for pra carregar pedra
Não adianta, eu não vou lá”


Obrigada.

Comentários

INIT arte visual disse…
É isso aí anônima tem que falar. Fico bastante indignada com essa exploração, em todas as áreas.
Que bom Ricardo que criou esse espaço/marcador.

Beijos,
Fer também
mara* disse…
isso acontece por que existem aqueles que se sujeitam a isso, se você não quer, tem quem queira...

procurei pelo feed do seu blog, não encontrei...


adorei a foto, você é um 'pão' (lembra deste termo?)

beijos saudosos
Roberta disse…
Ultrajante é toda a sociedade ser conivente com isso!
Anônimo disse…
mara* o feed é http://todoprosa.blogspot.com/atom.xml

todo blogspot tem como feed "endereço do blog"/atom.xml
Anônimo disse…
O Creci é uma máfia

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