CIDADE DE DEUS, A REAL

Apesar de todo o sucesso midiático ( do livro e do filme) CIDADE DE DEUS , um enorme aglomerado humano entre Jacarepaguá e a Barra da Tijuca , no Rio, continua tendo seus eternos problemas que são , entre eles, a segurança pública , os vagabundos do tráfico de drogas, a falta de escola , saneamento, sáude. Hoje é o assunto do dia no Rio de Janeiro já que as 13 escolas públicas e as três creches ali localizadas continuam fechadas hoje, um dia depois do tiroteio entre suspeitos e policiais militares que resultou na morte de 2 pessoas até agora. Ao todo, 7.730 crianças estão sem aulas. Segundo a assessoria da Secretaria municipal de Educação, com receio de novos confrontos, os pais optaram por deixar os filhos em casa. Sei , sei...Os militares continuam ocupando a comunidade, segundo a mesma assessoria,inclusive com helicópteros sobrevoando a região. É o caso de se pensar : glamurizam tanto um lugar , fazem dos seus moradores personagens conhecidos no mundo todo mas essa fama não reverte em benefício algum para a comunidade. A culpa , lógico, não é do Fernando Meirelles, diretor do filme , nem do Paulo Lins, autor do livro. Mas o que ganha uma comunidade carente ao se ver tão planetariamente retratada se nada ganha em troca ? a arte não poderia beneficiar o mundo real ? é uma pergunta, não uma afirmação.

Comentários

Carol Rocha disse…
É a velha história de transferir as obrigações do Estado para a sociedade civil. Se isso é correto ou não, não sei. Só sei que os problemas continuam, de um jeito ou de outro.

Outro dia estava conversando com um amigo sobre isso. Já ouvi dizer que o número de ONGs existentes no Brasil é suficiente para tirar todas as crianças da rua.

O Teleton, realizado esta semana, arrecada milhões, no entando a AACD - que faz um belíssimo trabalho, diga-se de passagem -, continua não dando conta de atender a demanda.

São só dois exemplos que me vieram à mente agora.

E, pensando bem, a pobreza brasileira é lucrativa: dá excelentes roteiros pro cinema, rende personagens carismáticos pras novelas e ainda alimenta um mercado que cresce sem parar. A filantropia.
Anônimo disse…
me lembro do caso do pixote. triste e patético personagem de si mesmo, simbolo da violencia autofágica e da arte que se retroalimenta, desafiando os limites entre realidade e ficção. um macabro círculo vicioso. pixote: vítima de si mesmo, vítima de babenco, vítima de todos nós.
leve solto disse…
Isso tudo me entristece muito, sabendo da impossibilidade real de mudanças efetivas.

Quando leio um livro ou assisto um filme retratando a "vida real" sonho e me encho de esperanças, achando que algo será feito não só pelas autoridades mas também pela sociedade...
Mas, passado o primeiro momento e quando o foco da mídia se dissipa, tudo volta como era antes.

Os sonhadores e idealistas apresentam idéias mirabolantes, com suas ONGs e movimentos, contudo, rapidamente tudo se perde, volta à estaca zero e o inferno continua.

É certo que "uma andorinha não faz verão" porém a omissão (tanto do governo quanto do cidadão comum) é super cômoda.... e a cegueira voluntária permanece juntamente com os problemas sociais.

bj

Mara


(Deixei uma resposta ao seu comentário "Pimenta")

Postagens mais visitadas