Nós perdemos(ou intervalo pra comer gelatina)


       É, que consolo...fazer o que ? Fiz o que foi possível, nasci na época errada, na cidade errada e no país errado. Cansei de ser outsider,critico, remar contra a maré. Devia era aderir, virar um Falabella da vida, um escritor de mercado, um redator de novelas e assim enriquecer,foder com celebridades,escrever pra imbecis,trabalhar em tv pra imbecis. Pelo menos estaria desfrutando da máquina que me aborrece e comprime,essa nojenta indústria de consumo e de cultura de massa. Mas não sei ficar em silêncio. Perdi, é fato. Mas perco ainda fazendo barulho,saio atirando...o problema é que tiro sempre ricocheteia... Opto ainda pelo estupor ? chega de amargor ? ou vou ao doce da gelatina senil ?

Comentários

Rosane Queiroz disse…
Ricardo,

tenho esses mesmos pensamentos sinistros, às vezes, sabia?

mas passa...

pensando bem, a gente nao queria ser nada disso, não

nem se afundar na gelatina

no meio disso tudo, ainda pode ter álgum caldo interessante. sei lá, eu ainda acredito
e olha que o que tenho de fazer de materias que dêem boas chamadas de capa sobre "sexo" nao é brincadeira...

beijos
Salve, Ricardo.

De minha parte, como escritor e professor, penso nisso o tempo todo. Quanto à escrita, me posiciono na seguinte reflexão: o texto não pode referir o que o leitor comum já sabe, sob pena de não se configurar um ato literário efetivo. Mesmo que isso não venda. É uma postura complicada, de fato, porque sem venda, hoje, não há comida na geladeira. Mas eu penso que literatura não se faz: é ela que faz o escritor, a partir do momento que a escritura literária entra no sangue. Ou seja: como defender o que não é coerente, sendo-se crítico? Ou ainda: dá pra aprender a ser canalha? Eu conheço canalhas, hoje, que achei, um dia, que não eram. Mas saquei que essa porra tá no sangue... A coisa mais fácil do mundo é enriquecer fazendo livro: basta virar uma Zibia Gasparetto da vida, escrevendo alguma bula fajuta para egos aflitos por soluções-relâmpago, "como enriquecer em dez lições" e afins... mas seria algo completamente fora dos meu planos intelectuais e morais.

Quanto ao trabalho de professor, cabe o mesmo raciocínio: aula não é fábrica. Mesmo que o Lulinha burrinho fique espalhando cursinhos técnico-profissionalizantes pelo país e que fique dando conselhos os mais consumistas para os chefes de família, o fato é que a educação não forma trabalhadores, mas, no máximo, seres humanos formados pela simbologia apolítica do consumo, da compra e da venda. Portanto, minha posição diante dos alunos e dos diretores de ensino é a mesma: postura crítica e severa em relação ao consumismo, mesmo que com pouco eco, como é de praxe.

Pra quase tudo existe cartão de crédito, meu amigo. Mas certas coisas não têm preço, como o travesseiro macio dos que não são canalhas...

Continue na luta, porque ela deve estar no seu sintoma.

Abração
Anônimo disse…
Viva os guerreiros das causas perdidas, para quem pode usufruir de um texto dessa qualidade é um vencedor, do contrário quem seria Ricardo Soares ?( Alexandre Garcia? )
Grande Ricardo, joga essa gelatina na geléia geral da idiotia, teu alimento tem de ser mais nobre, pois, o que serves fortalece quem consegue usufruí-lo, TNT pura, para mim essencial à sobrevivência.
abraço
Anônimo disse…
Você devia era voltar pro teatro rebolado. De onde, alias, jamais deveria ter saído. Volta, Watusi!
Tania Celidonio disse…
Que teatro rebolado que nada. Ric está com seu belo coração em chamas. E isso pode ser bom ou.........ruim, maniqueísta desse jeito. Fazer frente à mediocridade e ao egoísmo vigentes não é coisa pouca. Pero não desista. Dê um volta infinita no Troller, curta seu final de ano na serra e quando estiver difícil escape com camomila, campari ou substâncias menos lícitas. Só evite precocemente o Prozac e outros aceleradores de última geração. Aposte primeiro em você.Eu aposto.
Ricardo Soares disse…
Rosane...é sempre bom ter a solidariedade blogueira de profissionais como vc que rebolam (no bom sentido,hehehe)para dar graça e molho àquilo que temos que fazer todos os dias pra ganhar a vida... a nulidade triunfa mas não nos rendemos!!! besos, gracias

Marcelo ...concordo ,em tese, com todas as boas intenções que estão embutidas e explicitadas no seu comentário mas faço a ressalva de que é dificil manter a fleuma diante de tanto desastre... como eu disse eu não me rendo . Mas tem dias ( como ontem) que é foda não perder as esperanças... abraço e adorei o seu comentário especialmente o "Continue na luta, porque ela deve estar no seu sintoma".

Angelo meu caro Angelo... vc sempre enchendo minha bola e me atribuindo uma importância que não tenho...sou-lhe grato mesmo assim e espero que ainda conservemos a nossa indignação...mas tem dias que eu fico mesmo com vontade de jogar a toalha...

Pinto... vc meu amigo,sempre tão engraçadinho... será que vc disfarça sempre suas crises profissionais ??? nunca as assume ??? há dias que somos Watusi mas há dias que somos Simones de Beauvoirs ...confere??? abs

Tan Pan...é nega...teu terno recado só reforça a admiração que tenho pelo seu poder se estar sempre aguerrida, sempre duvidando...meu coração amanheceu ontem pegando fogo mas não penso nos Prozacs da vida mesmo...penso em rodar por aí...com ou sem Troller, com ou sem esperança...o duro é lamber as feridas dos que perdem...só acho isso,nós perdemos...mas não nos entregamos...kisses ...eu tb aposto em vc...sempre
Também tenho dias de desânimo, Ricardo. Nem diria "esperança", porque não tenho esperança no ser humano em geral.. Mas quando eu falo da coisa de dormir com a cabeça tranquila, é justamente porque pessoas que não são canalhas (que não ostentam isso no sintoma) certamente se arrependem quando obrigados a desvirtuar-se.

Mas a luta, de vez em quando, gera pensamentos extremamente prazerosos.. afinal, viver não é essa guerra constante? Pior para o burro, que só goza no espelho, diante da confirmação de suas próprias bobeiras...

Quanto ao "sintoma", legal que tenha gostado. Diria que são ecos freudianos (outro que de canalha não tinha nada)...

Abração e continuemos
Rosane Queiroz disse…
Pois é, Ricardo, a gente tenta dar um molhinho que disfarce a sem-gracice de alguns assuntos, ainda mais em revistas "femininas"... e náo é que às vezes até rola?!
Mas eu sempre tive a ilusão de que o meio de TV é tão mais interessante em alguns aspectos... Será?... quem sabe uma hora a gente troca umas figurinhas. Bom te ver lá no Garotas tambem. beijos

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