UMA TRILOGIA DE PAUL AUSTER

Nada do que eu venha a escrever sobre o escritor sessentão americano Paul Auster fará a menor diferença para ele. É justamente esse um dos fascínios da internet em geral e dos blogs em particular. Falar para muitas pessoas sobre pessoas que jamais saberão que você falou sobre elas e mesmo que venham a saber não lhe darão a menor importância visto que ,no caso de Auster, ele é planetariamente conhecido, escreve em inglês, e esse modesto blog é rabiscado em português. Isso posto venho a público dizer que depois de ter lido bastante Paul Auster na vida ( Inventor da Solidão, Timbuktu, entre outros livros) li nesse fim de semana um dos seus primeiros livros publicados no Brasil : "A Trilogia de Nova York" que ele escreveu entre 1982 e 1984 e saiu entre nós em primeira edição ( da editora Best Seller) há pouco mais de vinte anos. Por só agora eu ler as três noveletas que compõe a Trilogia ( "Cidade de Vidro", "Espectros" e " A sala trancada")só agora eu descobri o quão perturbador pode ser Auster além do extraordinário talento que sempre possuiu. O "perturbador" vai por conta principalmente da novela " A sala trancada" uma angustiante e quase kafkiana história de um escritor que passa a viver a vida de outro escritor (Fanshawe)que foi seu amigo de infância e depois desaparece subitamente deixando para trás livros e peças inéditas. A responsabilidade por tirá-las do ineditismo fica por conta do amigo e se descobre que Fanshawe era na verdade um gênio precoce. Essa descoberta leva o amigo, a suposta viúva de Fanshawe e todos os que o cercavam a uma espiral se surpresas. Tudo parece simples mas não é . Tal qual os escritos de Paul Auster. Nós, seus leitores, pensamos que é simples e fácil o que ele faz. Não é. Em Auster nem só o talento é perturbador. Quem ainda não leu nada dele que o faça com urgência. De preferência nessa semana que está começando hoje.

Comentários

Udi disse…
Nossa! Paul Auster é apaixonante... (além de ser um gato!) Conheci sua escrita porque ganhei de presente um livro... não lembro o nome! (ai, a idade!). Depois desse li um outro que é um trabalho jornalístico incrível. Ele teve, durante uns 2 anos, um programa de rádio (não lembro detalhes) e pediu que os ouvintes enviassem histórias curiosas (o programa tinha um alcance incrível em vários estados dos Estados Unidos). Ele ficou tão impressionado com a qualidade das histórias que recebeu que decidiu publicá-las num livro chamado "Pensei que meu pai era Deus" (nome de uma das histórias). Recomendo fortemente.
Volto prá contar os nomes dos outros 2 que li, se conseguir encontrá-los na estante.
Dauro Veras disse…
O cara é dez! Gostei demais da Trilogia, meu favorito, junto com "O inventor da solidão". Também recomendo com ênfase sua seleção de contos de ouvintes "Pensei que meu pai fosse Deus". E o texto autobiográfico "From hand to mouth" (que li no original, não sei como traduziram; em português bem que podia ser "Vendendo o almoço pra comer a janta"), em que ele conta sobre os perrengues e a fome que passou em Paris. Paul Auster é tão brilhante que até seus romances "menos bons" valem a pena (ex., "Desvarios no Brooklyn").
Udi disse…
Isso! Um dos livros é esse autobiográfico, em que ele narra também o tempo em que ficou na casa do pai, logo após a sua morte... li em Português e parece que o título ficou bem diferente do original porque ainda não consigo lembrar.

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