ALPHAVILLE TEM ROSTO


João Audi, presidente da Alphaville. Sobrenome de carro, modos de motoniveladora

Ao voltar de férias, fugindo inclusive aqui do inferno vizinho que é a construção do empreendimento depredador chamado ALPHAVILLE - Granja Viana , dei com uma visão que é um verdadeiro filme de horror não bastasse eles já terem feito estragos consideráveis. Aproveitando o feriado de 7 de setembro e diante da pasmaceira da Polícia Ambiental eles destroçaram o que restava da área verde nas margens da já impratícável avenida São Camilo. Já totalizam uma área de mais de 240 mil metros quadrados de pura devastação, destruindo toda a flora local e acabando com animais que há muito faziam daquele canto o seu refúgio. Essa série de desmandos desembocou na criação do Movimento em Defesa da Granja Viana que nasceu nessa última terça- feira ali na tradicional Oficina de Pizzas, final da avenida São Camilo. O movimento vai realizar inúmeras ações e já conta com blog que dá os muitos detalhes dessa hedionda e lamentável operação imobiliária realizada pela Alphaville. CLIQUE AQUI. O espírito "empreendedor" deles nada tem a ver com os ideais de moradia/estilo de vida dos granjeiros e chegou com tudo com uma sanha de devastação e desrespeito à comunidade local sem precedentes. Chegam-nos sinais de que eles agora querem o diálogo conosco depois de terem aproveitado o feriado de 7 de setembro para destruir sem dó o que restava da mata em flagrante desrespeito à legislação ambiental e sem nenhum plano de manejo previamente discutido com quem quer que seja. Chegam para ficar. Chegam para fazer o que quiserem como se o "sagrado" direito de propriedade lhes absolvesse de toda e qualquer barbaridade ambiental que cometem. Esquecem-se os "executivos" e donos dessa incorporadora predadora que a opinião pública está mais do que atenta a empresas politicamente responsáveis , sobretudo na área ambiental. A indignação dos granjeiros não é pequena e mais e mais pessoas da região tem se unido para discutir os meios de ainda impedirmos que esses predadores devastem o pouco que resta de verde para os nossos olhos e pulmões. Importante agora também é dar nome aos bois. Saber quem são os predadores. Porque os predadores tem um rosto, não são apenas etéreas pessoas jurídicas. Acima eu homenageio um deles. O tal João Audi que tem sobrenome de carro e parece que espirito de motoniveladora a julgar pelo que anda fazendo na Granja Viana,um dos últimos cinturões verdes ao redor da devastada capital paulistana. Acima coloco a foto do senhor risonho de terno bem cortado que tem levado o sorriso dos nossos semblantes ao implantar a força seu equivocado modelo de urbanismo e desenvolvimento. Convoco a todos para ao olhar a foto lhe dedicarem uma sonora vaia virtual. Abaixo mais detalhes sobre ele e os criadores da tal Alphaville, um alphahorror em nossas vidas, em reportagem assinada pelo meu colega Yan Boechat do jornal VALOR ECONÔMICO.

Valor, Yan Boechat, 14/mar


Pouco mais de um ano após ter pago R$ 228 milhões por 60% das ações da Alphaville Urbanismo, a Gafisa encerrou esta semana o processo de transição no comando da companhia. Na última terça-feira, o ex-presidente da Parmalat Brasil João Audi assumiu o comando da companhia no lugar de Nuno Lopes, único sócio de Renato Albuquerque, fundador da empresa. Agora, Nuno junta-se a Albuquerque no conselho de administração da Alphaville. Ambos estão afastados do comando executivo da empresa criada pelos engenheiros Renato Albuquerque e Yojiro Takaoka há mais de 30 anos.
Nuno, que já embarcou para Portugal, onde pretende lançar uma nova empresa de desenvolvimento imobiliário, e Albuquerque, ainda têm 40% da Alphaville. Pelo acordo, a Gafisa pagará, em 2010, uma parcela de 20% do valor de mercado da empresa no momento e outra parcela de 20% em 2012, seguindo também o valor da empresa como referência. “Espero conseguir recuperar o dinheiro que deixamos de ganhar na venda com a valorização da empresa”, diz Nuno, que não nega que, depois da explosão de preços dos ativos imobiliários do ano passado, se sente arrependido por ter vendido a empresa a um preço avaliado em R$ 380 milhões. “Hoje valeria mais de um bilhão”, afirma ele.
Caberá a João Audi liderar a valorização que os antigos donos da Alphaville esperam. No primeiro ano sob o comando da Gafisa a Alphaville fez lançamentos de R$ 237 milhões. Ao todo, foram colocados no mercado cerca de 1,5 mil lotes No período, a companhia vendeu 634 lotes, o que lhe rendeu R$ 47 milhões. Por não incorporar imóveis nos terrenos que vende, a Alphaville não pode oferecer crédito do sistema financeiro aos seus compradores. Todos os financiamentos são feitos pela própria Alphaville que, em geral, oferece prazo máximo de 72 meses ao clientes. “Sem dúvida esse é um impeditivo para o crescimento”, diz Audi, que não descarta a possibilidade de a Alphaville começar a incorporar imóveis nos condomínios. “São apenas planos ainda, mas estamos estudando a possibilidade”. Apesar de não querer citar números, o ex-presidente da Parmalat afirmou que a Alphaville vai registrar crescimento expressivo neste ano. Hoje a Alphaville está presente em 14 estados brasileiros e deve continuar sua expansão regional este ano. O atual banco de terrenos da empresa lhe permite colocar no mercado mais de 20 mil lotes em condomínios urbanizados.

Ps. por fim queria me desculpar com os amáveis leitores que me prestigiam em todo o Brasil e até fora do país por colocar um assunto tão local em discussão. Faço isso porque me atinge diretamente e porque é uma metáfora dos desmandos "desenvolvimentistas" que acontecem em todo o país. Falam da destruição da Amazônia e do cerrado mas bem aqui do nosso lado barbaridades acontecem com a total conivência e vista grossa do poder público. Perdoem minha indignação.

Comentários

Jaime Guimarães disse…
Oi, Ricardo! Espero que seu período de férias tenha sido muito bom!

Olha, isso pode ser um "assunto local", mas nem tanto assim. Vejo semelhanças da Alphaville Granja Viana com alguns empreendimentos do luxo aqui em Salvador.

Por aqui grandes espaços de mata Atlântica são devastados para dar lugar a condomínios fechados de alto luxo. Não só a mata, mas no litoral norte também há praias que conseguem ser 'privatizadas' e mangues e locais onde tartarugas marinhas costumam colocar seus ovos estão sendo destruídos.

Curioso é que tanto aí em SP como na BA é facilmente conseguido a tal "autorização ambiental" para tais empreendimentos.

Mas a natureza se vinga, de certo modo: em um condomínio de luxo em Salvador os moradores "sofrem" com mosquitos, barbeiros e até cobras invadindo as casas. Até o nobre prefeito de Salvador ( que quer rifar a orla a qualquer custo) já foi vítima dos bichinhos que "insistem em ficar".

Um abraço!
Moço de terno (para quem gosta), devidamente vaiado.
Eu, devidamente alphahorrorizada...
Não é 'assunto local' MEEEEEEEESMO.
Infelizmente.
BJS!
Meu amigo Ricardo,
de longe, ao ver as fotos neste blog, meu coração aperta. Dói. Há pouco mais de 40 dias embarquei para a África com a missão de produzir um programa para uma TV local, em Angola. Fico ainda uns 2 meses por aqui. Pouco antes de deixar a Granja, participei com um pequeno grupo de uma manifestação (comovente) na mata que o AlphaVille já começava a devastar. Fui viajar com um nó na garganta, e observando a chegada de saguis em quantidade cada vez maiores no meu quintal. Era sinal claro de que boa coisa não estava acontecendo no ambiente deles. E olha que vivo a uns 5 kms de distância do local da devastação! Já no início da derrubada da mata, a fauna inteira, a microfauna, as nascentes e certamente as chamadas micro-zonas climáticas sentiram o baque pesado da destruição.
Longe de casa, meu coração fica partido com as imagens que vejo do que sobrou (?) da mata, da paisagem, da vida tão rara que ainda sobrevivia neste pedaço de São Paulo.
Em breve quero fazer coro nesse movimento em defesa da Granja. Tomara que essa união dos granjeiros consiga dar um basta aos desmandos sem lei e sem fim na região.
Sérgio Túlio Caldas,
de Luanda

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