ALPHAHORROR- CRONICAMENTE INVIÁVEL

Madrugada passada o CANAL BRASIL exibiu de novo o incômodo filme de Sérgio Bianchi, "Cronicamente Inviável". Em uma das cenas chocantes o ator Umberto Magnani percorre trecho destroçado e queimado da floresta amazônica em Rondônia e brada, regurgitando felicidade que eis "enfim um lugar onde se pode devastar a vontade um lugar livre da ditadura da felicidade". Discurso cru, direto, sem metáforas que serve com mão e luva para incorporadores imobilíários devastadores como ALPHAVILLE URBANISMO que se instala na região da Granja Viana, um dos  últimos cinturões verdes de Sp, e devasta mais de 300 mil metros quadrados fazendo chacota com a opinião pública da região. Engraçado que quando revi o filme  e essa cena acima  lembrei dos  executivos da ALPHAHORROR .Por que será ? A propósito a revista "Vejinha" dessa semana publica uma reportagem sobre esse empreendimento predador.   Clique aqui

Comentários

rnt disse…
Estive na granja, ao lado deste pedaço já desmatado. Colo aqui um comentário que recebi de uma moradora da granja, a respeito disso:

"Com essa devastação, no coração verde da Granja Viana, os animais andam visitando/morrendo pela vizinhança. Os saguis que sempre vinham nos visitar, começaram a chegar em maior quantidade, esfomeados e machucados. Alguns sem dedos, ou sem rabos, ou sem os lindos filhotes que carregavam nas costas. Foram encontrados três veadinhos que seguiram para os abrigos de animais. Jacus, Tucanos e Gambás eram vistos a toda hora. Para alegria de alguns e tristeza de outros. Aqui em casa, estamos sofrendo com ataques do que acredito ser uma Jaguatirica ou algo assim. Perdemos um cão e outro foi gravemente ferido. Que vida é essa?! Tudo por dinheiro, posição social e um ideal mentiroso de vida. Alphaville é o car¨%$#@!!!!"

é isso. triste, muito triste.
O Tamanho da Ignorância... ou...
A Ignorância sem Limites

Fiquei 3 meses fora do Brasil e meu retorno à Granja Viana (local que escolhi viver por causa do verde) só não foi mais chocante porque cheguei à noite. Mas ontem pela manhã fui ver o que tanto temia: o desmatamento de quase 700 mil m2 de Mata Atlântica, e que brutalmente desapareceu de uma hora para outra.
A paisagem agora é testemunha de uma cruel tragédia ambiental. Tão horrível quanto as imagens que vemos de desmatamentos em florestas tropicais da América do Sul, da África ou da Indonésia. Tão horrível quanto as fotos das matanças de focas no Ártico.
Exagero meu? Nem um pouco.
Recentemente participei da edição de um especial da National Geographic intitulado "Mudanças Climáticas" - publicação à venda no Brasil e mundo afora. Nessa edição, o escritor da NG, Joel Bourne Jr., relata que cresceu na Carolina do Norte, nos anos 70, às margens do rio Tar, um rio que costumava ficar congelado a ponto de ser possível cruzá-lo de carro. Hoje, com as devastações nos arredores, o rio corre livre mesmo no período do alto inverno. E qual a relação dessa história com a Granja Viana? Simples: nessa mesma edição da NG, climatólogos informam que os danos ambientais locais estão se tornam mais agressivos que os conhecidos globalmente - e os problemas decorridos das agressões ambientais locais surgem em pouco tempo.
Pois bem, com o impacto causado pelo AlphaHorror (onde plantas, bichos e nascentes foram arrancados à força do seu habitat), qual será a alteração ambiental que veremos na região em 20 anos, 10 anos, 5 anos? (a ciência já sabe que as mudanças na natureza, provocadas pela ação humana, são mais rápidas do que se imaginava). Em breve vou para a África falar com jovens jornalistas que me propuseram um tema: "A ignorância como fator de destruição". Eles, africanos, que tanto sofreram e continuam a sofrer com os danos de toda sorte causados por séculos de colonização. Um desses jornalistas me propôs falar sobre a devastação da Amazônia - assunto que, infelizmente, coloca o Brasil no centro das atenções.
Mas resolvi falar sobre o Desmatamento da Mata Atlântica, com um olhar sobre São Paulo. E por diversas razões.
Primeiro, porque me lembrei da reportagem da National Geographic, sobre as agressões locais. Depois, porque estou frente a um desmatamento do que restava de um frágil resquício de Mata Atlântica, escancarado nos arredores da cidade de São Paulo, o principal pólo econômico, cultural e irradiador de ideias da América do Sul. Também porque São Paulo organizou o Projeto Tietê, o maior programa de saneamento ambiental já visto no País. Mais ainda: porque a Mata Atlântica é uma das mais sacrificadas florestas do planeta (gente um pouquinho só esclarecida do mundo inteiro sabe disso).
Pois nessa mesma cidade de São Paulo, onde se concentram lideranças ambientalistas, ONGs cujo objetivo é preservar e conservar o que resta da Mata Atlântica, um condomínio de luxo (?) destrói sem pudores uma imensa área da floresta, com a autorização dos mesmos órgãos que estão juntos em programas ambientais, como o Projeto Tietê, que citei acima (leia-se aí a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a Sabesp). E a devastação na São Camilo não é obra de uma madeireira ilegal, mas de uma empresa que tem nome e assinatura: Alphaville Urbanismo.
Ruim para nós, mas este é um triste case sobre "ignorância e agressão ambiental". Assunto para discussão local. E internacional.

(obs.1 - após as chuvas de ontem, a av. São Camilo virou um mar de lama. O barro brotava da área decapitada pela AlphaVille. Onde havia verde, agora é deserto. E quando chove, é lama. A lama escorre para a São Camilo e, dali, segue morro abaixo, assoreando córregos que correm por um vale da região. O desastre ambiental provocado pela AlphaVille, seu presidente João Audi e todos que autorizaram o desmatamento, certamente é muito maior do que se calcula. E esse desastre já começou!).
Angela disse…
Ricardo,

Agora te pergunto; quem vai morar nesse condomínio qdo estiver pronto? O pobre sem cultura, joga lixo nas ruas que acabam nas galerias e nos rios mas, e os ricos? Desmatam, matam e levatam mansões causando o que mesmo??????????
Para cada crime, existe o corrompido e alienado certo...
Bj
reginatcoh disse…
Boa tarde!
Cara rnt, você me autoriza transcrever o que vc postou na coluna de cartas da Vejinha? Já fiz isto no blog da Granja, desculpe-me não ter pedido sua permissão para tal.
Grata, abraços,
Regina :)

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