Poesia,Bethânia e superfaturamento

  
     Yes, o Brasil precisa de poesia até porque os atos poéticos não se multiplicam e somos um país de rimas pobres. Yes, o Brasil precisa de poesia porque nossos dirigentes são pouco poéticos e até pouco afeitos a leitura transformando lirismo em empreiteiras e empreitadas desenvolvimentistas. Yes, o Brasil precisa de poesia porque poesia é sensibilidade, é doação , é dedo no coração mais que na mente. Yes, o Brasil precisa de poesia seja em blog, em livro, em jornal e muito mais no rádio e na televisão assolados por rios de sangue e tiros.  Yes, o Brasil precisa de poesia porque mesmo os cultos desaprenderam de ouvi-la , senti-la , escutá-la.  O Brasil precisa de mais discussões poéticas, de menos fascismo e mais coisas fáceis, de mais senso de humor, picardia, ironia, poesia .
   Toda grande poesia pode ser muitas vezes desagradável como dizia o grande poeta e cronista Paulo Mendes Campos quando se referia sobretudo ao Fernando Pessoa, um dos poetas preferidos da Maria Bethânia que essa semana ficou no foco das atenções justamente por causa da poesia. Aliás de uma discussão periférica à poesia. Bethânia, artista de talento, ama poesia. E achou legitimo ( também acho) chamar alguns amigos seus igualmente talentosos para fazer um blog que divulga e propaga poesia. Louvável. O que não é louvável é o preço absurdo que ela e seus amigos pleiteiam para a empreita : 1 milhão e 300 mil reais. Nada poético.
     Em consequência disso a polêmica explodiu nas redes sociais e na internet. E teve gente talentosa defendendo o indefensável como o cineasta Jorge Furtado, o Hermano Viana, que participaria da boca livre e outros. Um articulista bobalhão da Folha de S.Paulo chegou a comparar hoje que toda essa balbúrdia em torno do assunto tem a ver com "direita cultural" ou macartismo. É impressionante como um fato simples possa provocar tanta estultice. Nada tem a ver com macartismo a condenação de superfaturamento por uma ação cultural. As pessoas confundem alhos com bugalhos. No caso desse articulista e outros "folhetes" até se explica porque o marketing deles é justamente desafinar o coro dos contentes não por convicção mas por ação marqueteira mesmo. Criam personagens para si próprios como faz há anos outro bobalhão inofensivo como Diogo Mainardi que gravita em outra órbita.
     Hermano Viana, aqui citado, diz em artigo que toda essa discussão prova que precisamos mais do que nunca de poesia. Isso eu não discuto porque discuti nesse blog várias vezes como as pessoas não gostam, não entendem e nâo lêem poesia. Mas querer aliar discussão sobre superfaturamento cultural a poesia não é de bom tom Hermano. Poeticamente todos vocês envolvidos no processo desse blog superfaturado poderiam ter concebido versos mais doces... 

Comentários

Jaime Guimarães disse…
E o que foi aquele "brado" do Jorge Furtado? "A gritaria contra o blog de Maria Bethânia é uma mistura de ignorância, preconceito e mau-caratismo".

Ah, que que é isso! mesmo que tecnicamente a Bethânia ( ou os demais idealizadores do projeto) estejam apenas "jogando pelas regras do jogo" - a lei Rouanet e o MinC assim funciona - o valor é elevado e, claro, tem a questão do currículo, certo? Juntou Bethânia, Andrucha e Viana ( todos talentosos no que fazem e a questão não é discutir ou desprezar o talento dos citados) e assim libera-se a captação de uma quantia pra lá de generosa que as empresas, felizes da vida, abaterão do IR. Só que a coisa fica restrita à mesma turminha de sempre. Critério técnico e levando em conta o currículo, entende?

Precisamos de poesia, claro, mas os poetas estão por aí, precisando de incentivos também; e sobretudo precisamos de leitores de poesias. Que toda essa polêmica sirva, ao menos, para despertar o gosto pelos versos quando tudo estiver pronto...

abs
Jaime Guimarães disse…
Em tempo: sou blogueiro, quero um plano de carreira e... Maria Bethânia: beijo, me "linka"! kkkkk ( só rindo, tal como fizeram os criadores deste blog, o http://blogdabethania.blogspot.com/ que não custou R$ 1,3 milhões hahaha
Francys Oliva disse…
Olá carissimo,bem que eu gostaria...(sem comentários). Mas acredito e sei que existem vários outros projetos ligados a poesia,mas, advinha eles não tem tanta importância, sabe porque? Não há um artista de nome($)ou um QI que possa valorizar.
bjs.
Esse é o conceito do "homem cordial" criado por Sérgio Buarque de Holanda, inclusive pai de Ana de Hollanda, perpetuando a Brothagem Brasileira.

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