Sou do tempo em que...

        Alguns amigos e conhecidos dizem , com razão, que tenho saudades de um tempo em que não vivi. Algo bem próximo da síndrome exposta no filme "Midnight in Paris", o mais recente e poético Woody Allen. Talvez, no meu caso, eu quisesse ter vivido na São Paulo dos anos 20, época da eclosão da Semana de 22 para ver Villa Lobos reger descalço, Bandeira declamando "Os Sapos", Mário e Oswald flanando pelo Municipal. Por outro lado meu jeito cítrico de ser talvez se entediasse com aquela oligarquia cafeeira paparicando esses intelectos muitas vezes tão hipervalorizados quanto hoje o são pedantes como Arnaldo Antunes e outros. 
    Mas deixa essa minha língua para lá pois quero falar que sou de um tempo outro, saudosismo ou não , de um tempo em que não se confundia pensatas aleatórias com crônicas, um tempo de consistência e mais coerência e sobretudo um tempo em que o Estado tinha funções especificas que era, no minimo , dar em troca para os cidadãos benefícios merecidos pelos impostos que pagamos.
    Esse tempo passou  sobretudo quando percebemos que se o Estado deveria nos suprir em saúde, transporte, educação e segurança e nada faz chegamos ao absurdo surreal de nos perguntar para que entáo pagamos impostos. A economia neoliberal, globalização e discurso tucanoíde na presidência de FHC nos fez achar que é normal um Estado esvaziado de obrigações, todas elas privatizadas e entregues à iniciativa privada. Quer segurança cidadão ? pague por ela !  quer boas escolas pra seus filhos ? pague bem caro por elas ?  quer saúde ? pague as Golden Cross da vida que embolsam milhões e pagam muito mal os médicos credenciados . Ah!!! e quer transportes ? compre seu carro, pague seu Ipva e sobretudo pague muito mas muitooooo pelos pedágios, especialmente se você estiver no "desenvolvido" estado de São Paulo. Afinal a grande herança tucana além de privatizar até banheiros públicos ( como no caso da estação Barra Funda do metrô e outros exemplos) foi trazer a noção de "mudernidade" de que se quer o melhor tem que pagar. E ainda falam do grande estadista FHC e seus satélites. Cansei "professor" de a cada 30 kms de estradas paulistas ter que pagar para rodar em benefício dos seus amigos privatistas. Sou de um tempo em que não nos faziam de bobo assim descaradamente.

Comentários

Cléo disse…
Oi Ricardo lembro de vc tempos atras quando mais poética dizia "acho que nasci em época errada..um cão latindo para uma lua equivocada.." teu texto continua te confirmando.
Ricardo Soares disse…
obrigado por lembrar Cléo...um beijo

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